O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cachimbinho e Livardo Alves com seu Grupo Peneira - Com muito amor e pimenta (18/03/2011)

Tomás Cavalcante da Silva, o Cachimbinho, nasceu em 6 de abril de 1935, em  Guarabira, na Paraíba. Começou cantando aos 13 anos, e chegou a ser preso por cantar emboladas em uma praça. Um dia, comprou uma passagem e foi com a cara e a coragem para o Rio de Janeiro. Lá, conheceu Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, que o ajudaram na carreira. Cachimbinho é um dos grandes mestres do côco de embolada. Livardo Alves nasceu em 1935, em João Pessoa, na Paraíba. Na década de 1950, trabalhou como redator e revisor no jornal “A União”. Depois, foi contratado pela Rádio Tabajara como cantor, locutor e repórter. Algumas de suas composições bombaram, como a famosa “Marcha da Cueca” (eu mato/eu mato/ quem roubou minha cueca / pra fazer pano de prato), e Meu País (feita em parceria com Orlando Tejo, e gravada por Zé Ramalho). Ele compôs também hinos para clubes de futebol da Paraíba. Ele ainda musicou peças teatrais, entre elas: "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna; "Acima do Bem Querer",  de Luiz Marinho; "Viva Cordão Encarnado/ A chegada de Lampião no Inferno", de Luiz Mendonça; e "A Cara do Povo do Jeito Que Ela É", de Paulo Pontes. Ele faleceu em 2002, deixando dezenas e dezenas de excelentes composições. Nesse disco que o Acervo Origens posta hoje, há músicas cantadas por Cachimbinho alternadas com outras cantadas por Livardo. O Grupo Peneira é Baby, na viola, contrabaixo e vocal, Vasconcelos, no cavaquinho, gaita e vocal, Rubinho, no violão, triângulo e vocal, Paulo Batera, na percussão e a direção musical é de Livardo Alves.

6 comentários:

Eduardo Macedo disse...

Boa tarde! Poderia repor o linque do arquivo? Muito grato!

Eduardo Macedo disse...

Boa tarde! Poderia repor o linque para baixar? Grato.

Cacai Nunes disse...

Olá Eduardo

o link já foi corrigido.

obrigado pelo alerta !
Cacai

Eduardo Macedo disse...

Obrigado, meu amigo!

Eduardo Macedo disse...

Obrigado, meu amigo!

PIPOCAS MODERNAS disse...

EU PLURAL: Livardo me contou muitas historias da história de sua vida. Dos festivais, viagens, peças de teatro inéditas, participações teatrais, vitórias e conquistas. Falou muito dos sonhos e pesadelos que teve de enfrentar de olhos fechados. Mas, principalmente, como pedimos (a Morena e eu), dos amigos e parceiros – poucos – que dividiram com ele “paradas” e chegadas e partidas. Dessa vez, provocado, fez questão de falar principalmente desses. – 1 berto de almeida

LIVARDO ALVES : AMIGOS E FESTIVAIS

# É difícil enquadrar o teu trabalho em apenas um gênero musical. Tu fazes de tudo, não é?

- É verdade! Muita coisa já pintou. Eu nunca fui de me fixar em uma só coisa. Até na fase da Bossa Nova fiz algumas coisas do gênero. Lembro que tem uma que a Ana Paula (antiga e boa radialista da terra) quando me encontra vai logo cantando (canta): "Olhei no seu olhar e senti amor/amor que eu senti pela primeira vez/tantos já olharam os seus olhos como eu/talvez fossem cegos, talvez/no seu olhar o encanto apareceu/é seu o meu coração que nunca se rendeu/foi bem melhor assim/foi tudo que ele quis/perder para ser feliz". É musica de adolescente! (conclui, sorrindo).

# Em que ano foi isso?

- Em mil novecentos e sessenta e três (responde rápido).

# E aquelas tuas músicas feitas para as escolas de samba de João Pessoa?

- Essa foi outra fase muito boa em minha vida. O Mundo Encantado do Circo, Um Edifício Chamado 200, sobre o Paulo Pontes...

# Por falar em Paulo Pontes, aproveitando o ensejo: como foi o teu relacionamento com ele?

- Ah, (levanta a cabeça e encomprida o olhar) Paulo Pontes me incentivou muito! Naquela época Paulo já era um intelectual! Um intelectual, bicho, de verdade! Ele chegava numa parada – outra característica sua era o uso da palavra "parada" para se referir a um setor, um problema, um debate etc. - discutia, tomava uma decisão e todos seguiam ele! Era um sujeitinho magro, mirrado, mas que tinha um poder de convencimento incrível! Tem mais: o que ele dizia você podia escrever embaixo! Era meu amigo!

# Naqueles tempos ficaste muito conhecido pelas tuas participações em festivais de música paraibana. Acho que muitas lembranças ficaram...

- Ficaram muitas, realmente! Lembro-me da Cátia de França (cantora e compositora paraibana, autora de Ponta do Seixas, Kukukaia, Panorama e outras) no comecinho de sua carreira. Por sinal, lembro que foi Diógenes Brayner, um cara que vivia lá pelo jornal A União (jornal oficial do estado) escrevendo e fazendo letras de música quem lançou Cátia. Um dia, lembro bem, ele chegou para mim e disse que tinha uma menina muito boa para musicar as letras dele. Se não me engano, ainda, foi no primeiro festival por aqui realizado, organizado por Expedito Pedro Gomes, que Cátia de França ficou entre as primeiras colocadas. Há também um fato curioso nessa história. O Expedito Pedro Gomes era o presidente de uma tal Sociedade Cultural de João Pessoa. Uma sociedade, cara, que só existia debaixo do sovaco dele! Não tinha sede, não tinha reunião, não tinha porra nenhuma! A sociedade só existia ali, debaixo do sovaco, resumida numa pasta que ele carregava para todo lugar que ia. Mas, apesar de tudo, desse tom de brincadeira, Expedito foi de uma importância enorme nos movimentos musicais por aqui. Deu um impulso espetacular!

Eu Plural (humbertodealmeida.com.br): aguardem que tem mais. O papo deste escriba com o bom Livardo Alves varou a noite. Inesquecível. depois saímos para “varar” outras coisas. Ah, vale apena conhecer mais um pouco do amigo Livardo Alves - 1berto de almeida.