O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Samba + Samba = Jorge Veiga - (11.11.2010)

    Jorge Veiga, nascido em subúrbio carioca, teve, como quase todo mundo ligado ao samba naquela época, uma infância pobre. Trabalhou desde pequeno como engraxate, vendedor. Adulto, trabalhando como pintor, um dia o proprietário da casa que ele pintava ouviu-o cantar. Percebeu o talento do rapaz, e conseguiu que ele se apresentasse em um programa da Rádio Educadora do Brasil (PRB-7). E assim, por obra do destino, ou do acaso, começou sua carreira artística. Isso foi no começo da década de 1930. Ele foi atrás do sucesso, imitando Sílvio Caldas. Poucos anos mais tarde, mudou seu repertório e modo de cantar, interpretando os sambas irônicos e anedóticos que o tornaram famoso. Segundo ele, o ator Paulo Gracindo o ajudou, ensinando a cantar com leveza e sorrindo, e trazendo técnicas do teatro para o canto. Daí em diante, gravou uma infinidade de LPs. Além disso, era radialista, e ficou famoso pelo bordão que utilizava para iniciar seu programa: “Alô, alô, aviadores que cruzam os céus do Brasil. Aqui fala Jorge Veiga pela Rádio Nacional. Queiram dar os seus prefixos para a guia de nossas aeronaves”. Um samba, gravado em 1955, contribuiu para que Jorge Veiga ampliasse a fama. O samba, chamado Café Soçaite, de autoria de Miguel Gustavo, fazia uma sátira a um café de mesmo nome, freqüentado pela elite carioca. O sucesso foi tamanho que Jorge Veiga gravou, depois, um LP somente com músicas que faziam referência ao Café Soçaite. Nessa mesma época, para reforçar sua malandragem, passou a andar somente de smoking. Daí, o velho amigo Paulo Gracindo o apelidou de o Caricaturista do Samba. O apelidou caiu bem, porque a característica marcante de Jorge Veiga era a malandragem, a malemolência do carioca suburbano. Esse disco não tem ficha técnica nem data. Também não consta das listas da discografia de Jorge Veiga. Mas, pela discografia dele, vemos que os discos gravados pela RCA Victor o foram de 1962 a 1971. Daí, acho que esse disco é uma coletânea das músicas que ele cantou nessa época, perto do fim de sua carreira, que terminou em 1979, quando ele faleceu. Destaco o Pato Roubado (faixa 3, lado B) : Fui convidado para comer um pato / No aniversário de um tal de Romeu / O aniversário era ???[não dá para entender a letra] / Naquela data nada aconteceu / Só se falava no momento em pato / O pato cheirava, chamava a atenção / Tinha pato assado, pato, pato ensopado / Mas o dono do pato chegou na ocasião / Para evitar confusão / Veja o que aconteceu / Eu que paguei o pato roubado / Afinal, o pato fui eu, Seu Romeu!



Lado A

01-Almerinda (Bidu Reis /José Batista)
02-Cansei de Botequim (H. Nogueira – M. Rosa)
03-Sete - “Bóia” (Nandinho – Jorge Veiga – Djalma Santos)
04-És do mal da raiz (Nandinho – Jorge Veiga - Ismael Chebom)
05-Vê se me esquece (José Batista - José do Espírito Santo)
06-Um pingo é letra (Nandinho – Jorge Veiga)

Lado B

01-Rainha de Mangueira (Ary Barroso)
02-Que falem de mim (Bidu Reis)
03-Pato Roubado (H. Nogueira - Manoel  Rosa - Senegiro – Tinho)
04-Quando eu passo (Oswaldo Paulo)
05-Vou pegar o ”23” (Oswaldo Paulo)
06-Sétimo Céu (Zé do violão)

5 comentários:

eddu disse...

poderia reativar o link abraço!

Cacai Nunes disse...

link já reativado.

abraço

Unknown disse...

Obrigado por disponibilizar o arquivo! Raridade!! <3

Caio Zorzenoni Nunes disse...

Por acaso você teria o LP Jorge veiga em grande estilo (1977)? Com a música mister cifrão

Cacai Nunes disse...

Sim, Caio Zorzenoni.
Temos ele aqui.