O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Repentes e Repentistas Violeiros (18/08/2011)

Há pouca ou quase nenhuma informação sobre a biografia dessa dupla que é da maior importância para o repente. Sabe-se que José Vicente do Nascimento nasceu no dia 7 de agosto de 1922, em Pocinhos, Paraíba. Até os 14 anos morou na cidade paraibana, Taperoá. Depois, mudou-se com a família para o Sítio Umburana que, na época, pertencia ao município de São José do Egito e hoje é Distrito de Itapetim. Zé Vicente da Paraíba era membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel e dizia que não podia viver sem cantar e escrever. Ele era um poeta de grande envergadura. Sobre sua vida, um de seus versos dizia: “Fiz do choro das cordas da viola o maior ganha-pão da minha vida”. Ele faleceu recentemente, no dia 10 de maio de 2008, vítima de falência múltipla dos órgãos. Esse disco, gravado em 1972, é uma das principais referências do repente. Zé Vicente da Paraíba é uma figura lendária entre os cantadores do nordeste. Ele ganhou relativa notoriedade na década de 1970, porque Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Zé Ramalho gravaram alguns de seus versos. Seu trabalho mais conhecido é “Quanto é grande o autor da natureza” (Faixa 1 , Lado A), que foi, inclusive, regravado por esses mesmos artistas.


Lado A

1- Quanto é grande o autor da natureza - Mote  (José Vicente da Paraíba – Passarinho do Norte)
2- Mote de amor - Tema (José Vicente da Paraíba – Passarinho do Norte)
3-Beira - mar - Trocado (José Vicente da Paraíba – Passarinho do Norte)
4-Quando eu ia ela voltava - Rojão (José Vicente da Paraíba)
5-Mourão - Voltado (José Vicente da Paraíba – Passarinho do Norte)
6-Um passado feliz - Voltado (Passarinho do Norte)

Lado B

1-Coco-Rojão-Brasileiro  – Coco Rojão (José Vicente da Barbosa – José Barbosa)
2-Aboio de gado e rosa – Modinha com aboio (Zé Pernambuco)
3-Martelo - Alagoano (José Vicente da Paraíba – José Barbosa)
4-Recado de violeiro - Baião  (José Vicente da Paraíba)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Oliveira de Panelas - O perguntador (05/05/2011)

Oliveira Francisco de Melo nasceu no município de Panelas, Pernambuco, em 1946. Ironicamente, o emérito poeta não chegou a terminar a quarta-série. Mas teve um grande professor, que lhe ensinou a arte do repente e o domínio da língua portuguesa. Era o poeta ambulante Zé Rufino, cujas andanças e perambulações o menino Oliveira acompanhava. Aos doze anos, o garoto já fazia os primeiros versos. Na década de 1970, mudou-se para São Paulo, e gravou seu primeiro disco. Nesse período, ele passou a ser convidado para tocar em bares e restaurantes. Participou da trilha sonora de dois filmes (Os Últimos Dias de Lampião e Deus Deu a Terra e o Diabo Cercou). Em 1974, participou do Fantástico, da Rede Globo. Mas foi em 1975 que o encontro mais importante de sua vida aconteceu. Ele conheceu Otacílio Batista, seu parceiro por décadas. Convencido por Otacílio, voltou para o nordeste, fixando residência na Paraíba. Oliveira de Panelas é um dos mais importantes representantes dos poetas repentistas. Além de artista de grande talento, ele atua politicamente, sendo Presidente da Associação de Poetas Repentistas do Brasil, sediada em João Pessoa, e membro do Conselho de Cultura da Paraíba e da União Brasileira de Escritores de Recife. Ele desenvolve vários projetos voltados para a preservação e valorização da arte do repente. Fora isso, o homem coleciona prêmios. Dos 298 festivais de música que participou, foi vencedor de 185. Isso fora outros prêmios e homenagens que ele acumulou em quase 50 anos de carreira. Ao longo dela, Oliveira escreveu 15 livros, gravou 11 LPs e 22 CDs. Mas o que realmente impressiona em Oliveira de Panelas é sua incrível capacidade de improvisar, sem medo, em qualquer tema. Fora isso, sua criatividade é infinita, como mostram os versos do disco de hoje. O disco, gravado em 1978, foi produzido por Zé Ramalho, e tem como tema central os dilemas e os rumos da humanidade, evidenciando que, além de poeta, cantador, tocador, improvisador e ativista da cultura, Oliveira era também filósofo. É um disco para ouvir com muita atenção.


Lado A

1-Esses discos voadores me preocupam demais
2-O conflito das nações
3-Planeta sem divisões
4-Quando os povos se unirem como irmãos
5-Ninguém pode abalar

Lado B

1-A interrogação
2-Na varanda do reino da justiça
3-Muita coisa do Mundo está mal feita
4-Quem sou eu no Universo
5-Do terceiro milênio para frente

Todas as musicas de Oliveira de Panelas
   Não deixem de ver estes dois vídeos do Oliveira que produzimos em 2010 pelo Projeto Um Brasil de  Viola, onde registramos violeiros em 9 Estados do Brasil