O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.
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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Programa Acervo Origens - 18out14


no ar o Programa Acervo Origens com os dobrados recolhidos por Regis e Rogerio Duprat, o balanço de Martins do Pandeiro, as modas de Liu e Léu, os forrós de Kojak do Forró e a poesia sempre incrível de Oliveira de Panelas
1) Saudades d'Aparecida (Domingos José De Paula) com Banda formada para gravar o disco
2) Gonzaga Falcão (Lodovico da Riva) com Banda formada para gravar o disco
3) Casa de Viúva (Evanildo Maia - Paulo Barbosa) com Martins do Pandeiro
4) A nossa amizade (Severino Silva - Ivanildo Martins) com Martins do Pandeiro
5) Chora mulher (Aldir Doudemant - Ivanildo Martins) com Martins do Pandeiro
6) Companheiro do Ferreirinha (Germando Galdino - Pinheirinho) com Liu e Leu
7) Bandeirante Fernão (Carreirinho - Ado Benati - Campos Ferreiro) com Liu e Leu
8) A volta que o mundo dá (Lourival dos Santos - Zé Batuta) com Liu e Leu
9) Benedita Bole Bole (Kojak do Forró - Jair Maia) com Kojak do Forró
10 Elba o ferreiro e o forró (Sander Jr - Kojak do Forró - Aritana) com Kojak do Forró
11) Kojak do Pirulito (Kojak do Forró - Aluisio Silva - A. Moura) com Kojak do Forró
12) Muita coisa do mundo está mal feita (Oliveira de Panelas) com Oliveira de Panelas
13) O conflito das nações (Oliveira de Panelas) com Oliveira de Panelas
Programa Acervo Origens, todo sábado às 19h na Nacional Brasília FM 96,1 ou on line no www.acervoorigens.com
Apresentação: Cacai Nunes
Redação: Gabriela Tunes

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dobrados - Pesquisa, restauração, arranjos e regência Regis Duprat e Rogério Duprat (27/04/2011)

O dobrado é um gênero musical interessantíssimo. Primeiramente, porque todo mundo acha que conhece, principalmente os músicos; mas, na realidade, o dobrado é pouquíssimo conhecido, fato constatado pelas escassas referências bibliográficas sobre o gênero. O que todos sabem é que dobrados são músicas tocadas por bandas militares. Os dobrados, portanto, têm algo a ver com a atividade militar, mesmo que isso pareça uma afirmação meio sem nexo. Mas, voltando no tempo, acharemos a lógica disso. Desde sua origem, as tropas militares marcham, a pé ou a cavalo. Dependendo da ocasião ou da situação tática, a cadência da marcha varia; a marcação dessa cadência sempre foi feita por bombos e tambores, acompanhados por pífanos, flautins, trombetas e outros instrumentos. Ao longo do tempo, o termo marcha passou a designar, além do deslocar-se à pé ou montado, a música produzida pelo grupo que marcava a cadência. As cadências variam conforme as situações táticas; há basicamente três cadências para os deslocamentos da infantaria: o passo de estrada, que é uma marcha lenta e pesada, utilizada em percursos longos; o passo de parada ou passo dobrado, marcha bem mais rápida, com andamento próximo ao dobro do anterior, utilizada em desfiles, continências e paradas militares; e o passo acelerado, marcha de ataque para a tomada de pontos do terreno. As três cadências, nas tropas de cavalaria, correspondem ao passo, ao trote e ao galope. A marcação do tempo, no metrônomo, para as cadências, seria a seguinte: 68 a 76 bpm, para o passo de estrada; 112 a 124 bpm para o passo dobrado; e 160 bpm, para o passo acelerado ou galope. Com o tempo, o termo passo dobrado, que designava o andamento das marchas rápidas, passou a designar todas as marchas das paradas, continências e desfiles. O passo dobrado é, musical e literalmente, o passo doppio dos italianos, o paso doble dos espanhóis, o pas-redoublé dos franceses ou simplesmente a march de ingleses e alemães. Em todos os países, as marchas militares foram incorporando características nacionais. Por exemplo, as marchas inglesas são mais rápidas do que as latinas, que são também mais rápidas do que as norte-americanas. No Brasil, sendo as marchas executadas em todo o território nacional, elas ficaram expostas às influências de vários outros gêneros brasileiros. Lentamente, então, foi se consolidando uma marcha brasileira, que recebeu a denominação genérica de dobrado. O dobrado brasileiro foi adquirindo características próprias, que o afastaram do passo dobrado e de outras marchas européias; desse modo, o dobrado foi se tornando a marcha brasileira. No final do século XIX, o dobrado já possuía características melódicas, harmônicas, formais e contrapontísticas que o distinguiam de outros gêneros musicais, permitindo assim a sua inclusão no rol dos gêneros musicais genuinamente brasileiros. Os dobrados, no Brasil, são tocados não somente por bandas militares, mas por bandas de coretos com várias formações instrumentais. Essas bandas são, historicamente, uma das principais escolas de instrumentistas brasileiros, principalmente de sopro. O disco da postagem de hoje, produzido no final da década de 1970, resultou de pesquisa realizada por Régis e Rogério Duprat, dois dos mais renomados musicólogos do Brasil; embora tenha o selo da Copacabana, o disco foi produzido por Marcus Pereira (que mais uma vez estava à frente de um trabalho realmente importante para a música brasileira). O disco tem dobrados brasileiros típicos. Reparem que as primeiras músicas têm andamento mais acelerado. Sobre isso, o próprio Régis Duprat explica na contracapa: “o ritmo, então, torna-se mais cômodo, mais lânguido; fixa-se o seu andamento por volta de 110 passos por minuto. Poderíamos explicá-lo por seus conluios com a languidez do lundu, do tanguinho, do maxixe, e pela tropicalização generalizada que os gêneros ganharam nestes Brasis.” Ouçamos, portanto, essa verdadeira aula de música brasileira.


Lado A

1-Hespanha (José Randolfo Lorena)
2-Júlio Nolasco (João Pirahy)
3-Gonzaga Falcão (Lodovico da Riva)
4-São Thiago (Dalmácio F. Negão Jr.)

Lado B

1-Tenente Godofredo Lima (José Virgínio Silva)
2-Belo Horizonte (Júlio Cezar do Nascimento)
3-Longe do Mar (Francisco Farina)
4-Saudades d’Apparecida (Domingos José de Paula)
5-Os Conselheristas (Anônimo)