O Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luiz da Camara Cascudo, define o Carimbó como dança negra, brasileira, de roda, em Marajó, arredores de Belém, no Pará (...). A dança do carimbó ocorre na área pastoril de Soure (Marajó), nas zonas de lavradores do Salgado (Curuçá, Marapanim, Maracanã), tanto na terra firme, como nas praias. A palavra Carimbó é de origem tupi: curi que significa pau oco, e mbó que significa furado. Com o passar do tempo, o termo foi sofrendo variações: curimbó, corembó, corimbo, curimã.. O Carimbó é um gênero musical que, como muitos outros, surgiu juntamente com uma dança. Ele era, originalmente, um ritmo indígena dos índios tupinambás, que habitavam o norte do Brasil, e tinha mesmo aquela monotonia típica das danças indígenas. Os negros, que foram em grande quantidade para o norte, no ciclo da borracha, então, começaram a introduzir alterações no ritmo, para que pudesse ser dançado com mais ginga, e inseriram coisas dos batuques africanos, tanto na música quanto na dança. Os portugueses, por sua vez, inseriram elementos das musicas e danças europeias como, por exemplo, os dedos castanholando e marcando o ritmo. Então, o carimbó é um gênero brasileiríssimo, porque surgiu a partir da mistura de elementos indígenas, africanos e europeus, os três tendo igual influência e importância.
A alma do Carimbó, como o próprio nome já diz, são os tambores. Eles são feitos de troncos de árvores escavados, com uma abertura lateral em toda a extensão para emissão do som, e fechados numa das extremidades por pele de animal silvestre. Os outros instrumentos que tocam o Carimbó são reco-reco, violá, ganzá, banjo, maracás e flauta. O Carimbó tem uma vestimenta típica. Os homens com blusas lisas ou estampadas sobre calças lisas; lenço no pescoço, chapéu de arumã. As mulheres usam blusas que deixam ombros e barriga à mostra, muitos colares e pulseiras feitos de sementes da região, e saias rodadas ou franzidas coloridas ou estampadas. Elas usam flores ou arranjos na cabeça, e vários enfeites. Homens e mulheres dançam descalços.
O Carimbó saiu do contexto rural amazônico, urbanizou-se e é hoje uma expressão da cultura nortista da maior relevância. Pinduca, conhecido como o Rei do Carimbó, é um de seus representantes mais célebres. Esse disco, gravado em 1976, é de enorme importância em sua carreira, porque se transformou em uma das principais referências do gênero Carimbó. Mais interessante é constatar que a origem da lambada, ritmo brasileiro de grande sucesso nas décadas de 1980 e 1990, é associada a esse disco, que tem uma música denominada Lambada. Essa é considerada a primeira gravação de uma lambada.
Lado A
1-Lári lári ê – Lári Lári (Pinduca – Maria Isabel Pureza).
2-Minha Maria – Sirimbó (Pinduca)
3-Carimbo do Pará – Carimbo (Pinduca)
4-Passarinho – Carimbo (Pinduca – João Antonio de Oliveira)
5-Vaqueiro – Carimbo (Pinduca – João Antonio de Oliveira)
6-Lambada – Sambão (Pinduca)
Lado B
1-Comancheira – Yô, yô, yá, yá (Comancheira) (Pinduca)
2-Lá lariá – Lári, lári(Pinduca – Edualvaro Magno Marques)
3-Coisa boa do Pará – Carimbo(Pinduca – Carlos Santiago Mamede)
4-Boca de forno – Carimbo (Pinduca)
5- Comprando fiado – Sirimbó (Pinduca – Carlos Santiago Mamede)
6- Mutirão – Carimbo (Pinduca – Nauar)