O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Inezita Barroso - 1960 - Eu me agarro na Viola (16.09.2010)

Inezita Barroso é baluarte da música caipira, termo que ela mesma utiliza e enaltece.

Nascida em 1925, no interior paulista, gravou nada menos do que 85 discos, entre 78 rpm, LPs e CDs.
Importante é lembrar que Inezita apresenta o programa Viola, Minha Viola desde 1980 na TV Cultura de São Paulo. Isso significa que é um dos programas mais antigos da televisão brasileira que continua no ar. Nele, Inezita resgata o ambiente rural, onde a música caipira floresceu, principalmente nas décadas de 50 e 60, com o crescimento das primeiras duplas, por meio de cenários do Brasil rural. Este, contudo, de fato, sofreu profundas modificações em 30 anos, modernizou-se, e perdeu as características que diferenciavam claramente os ambientes urbanos e rurais. Junto com isso, a população rural brasileira diminuiu vertiginosamente. Sendo assim, o programa de Inezita é, sem dúvida, um pedaço do passado na televisão brasileira. Tanto é que a maioria de seu público é de senhores e senhoras da terceira idade, que matam as saudades de uma vida à qual é simplesmente impossível voltar, porque aquele ambiente não existe mais. Porém, a despeito disso, a música caipira permanece. Assim como todo o contexto rural, a música caipira tradicional é preterida pela juventude, majoritariamente urbana, que não tem com ela nenhuma identificação.  Mas ela é um patrimônio valioso da cultura brasileira, que não pode ser deixado de lado por mudanças contextuais. É urgente, então, que se encontrem meios de resgatar essa música e leva-la às mais novas gerações. A aproximação dos jovens da música caipira é uma forma de manter vivo o passado. A negação de tudo o que se associa ao ambiente rural pela juventude contemporânea, que é urbana, é também a negação de nossa memória, que é parte integrante de nós, porque nós, como seres humanos, somos constituídos de presente e memória. Não possuímos nada, a não ser os tesouros que herdamos de nossos antepassados, que são nossa cultura. Como o ambiente rural não existe mais, a música e a cultura podem ser a ponte que nos liga ao nosso passado e não nos deixa esquecê-lo, e essa consciência de nossas origens é fundamental para a construção de nossa identidade. Uma identidade verdadeira, que reflete o que fomos e o que somos, e não simulacros de algo que queremos ser, imitando coisas que vêem de fora. Por isso, Inezita é ainda tão importante. O programa dela  é uma das principais resistências da música caipira. Aos 85 anos, a guerreira continua lutando por nobres causas. Parabéns para ela! Esse disco, de 1960, é ainda do início de sua carreira. Ouçam a madrinha da música caipira!



1960 - Eu me agarro na viola...INEZITA sua viola e seu violão

Lado A

1-Eu me agarro na viola (Tirana de Vila Nova) – Motivo Popular
(Recolhido por Waldemar Henrique)

2-Urutáu
(Lamartine Paes de Barros Machado)

3-Canção da guitarra
(Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo)

4-Meu baralho - Moda
(Edvina de Andrade)

5-A trôco de quê?
(Luiz Vieira)

6-Moda da mula preta - Moda
(Raul Torres)


Lado B

7-Moda do bonde camarão - Moda
(Mariano da Silva e Cornélio Pires)

8-A voz do violão
(Francisco Alves e Horacio Campos)

9- Moda da onça – Moda
(Recolhida por Inezita Barroso)

10 -Moda do boi amarelinho – Moda
(Raul Torres)

11-Leilão
(Hekel Tavares e Joracy Camargo)



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