O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Jackson do Pandeiro - 1972 Sina de Cigarra (28.09.2010)

O gênero musical conhecido como forró apóia-se no seguinte tripé: Luiz Gonzaga, Marinês e Jackson do Pandeiro. Jackson é paraibano de Alagoa Grande, nascido em 1919. Seu nome era José, e Jackson foi um apelido que ele mesmo se deu. Fernando Moura e Antônio Vicente, que escreveram a biografia de Jackson, disseram que ele era “filho da fome que dá dor de cabeça” e das rodas de coco que ele acompanhava desde que nasceu. Deve ter sido do coco que Jackson adquiriu um entendimento rítmico que o transformou em rei.  De fato, o próprio Mário de Andrade, um dos mais eminentes estudiosos da música brasileira, cujas análises, até hoje, são pertinentes e esclarecedoras, admirava-se com o côco.  Ele dizia que  “a sutilieza e a dificuldade rítmica dos côcos é formidável”.  Ele percebeu que o côco não tinha uniformidade nas divisões rítmicas da melodia, ou seja, a linha melódica era imprevisivel. Sempre que se espera alguma coisa do canto, vem outra, porque os cantadores quebram o ritmo, atrasam, adiantam, tornando a música quase sempre imprevisível. Esse profundo conhecimento e domínio do ritmo eram particularmente presentes em Jackson.  Ele utilizou essa característica do coco em tudo o que cantava, e, assim, tornou-se, com mérito, o Rei do Ritmo.

Jackson gravou seu primeiro disco depois dos 30 anos. Daí em diante, não parou mais, foi quase um disco por ano, até morrer, na década de 1980. Esse disco foi gravado em 1972, quando Jackson já morava no Rio de Janeiro há mais de 10 anos.  Como tudo o que Jackson fazia, o disco é primoroso. Ele canta demais, e o repertório é bonito, engraçado, dançante, enfim, interessantíssimo. Falando sério, Jackson foi um presente para todos nós! Eu gosto da letra do xote, de autoria de José Orlando, Nem vem que não tem: não sei quem foi que disse / que não sei aonde / viu você com não sei quem / fazendo não sei o quê / e agora você vem / chegando não sei de onde / cheia de não sei o quê / contando o que lhe convém / dizendo que nem conhece / esse tal de não sei quem.

Demais, né? 
Sem contar o clima que essa capa nos traz. O verdadeiro estúdio de gravação, estampado sem maquiagens.

Aproveitem!


JACKSON DO PANDEIRO – 1972- SINA DE CIGARRA

Lado A

01 - Eu e Dona Maria
02 - Mania de mangar
03 – Catirina
04 - Nem vem que não tem
05 - Coração Velho
06 – Marieta

Lado B

07 - O Puxa-Saco
08 - Feito de manteiga
09 - Sina de cigarra
10 -  Você já era
11 - O lavrador
12 - Chico chora

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