O Siriri é dançado ao som da viola-de-cocho, do ganzá e do mocho (uma espécie de banco, cujo assento de couro é percutido com baquetas de madeira). O Siriri é dançado principalmente por mulheres, e acontece, em geral, nas mesmas festividades do Cururu. Além de diferenças na dança, na instrumentação e na composição das rodas, o Siriri difere do Cururu nitidamente desde o ponto de vista do ritmo. O Cururu é tocado em compasso binário simples (2/4), e o Siriri em compasso binário composto (6/8). A viola-de-cocho está presente em ambos. O nome desse instrumento tem relação com o cocho, espécie de gamela utilizada para alimentar animais; a técnica usada para escavar o cocho dos animais é a mesma para a viola. A viola-de-cocho pertence à família dos alaúdes curtos, podendo ser considerada um tipo de alaúde brasileiro. Ela é confeccionada seguindo um ciclo lunar específico, para não ser atacada por cupins, e as madeiras mais usadas são sara de leite, ximbuva, cedro, jacote, urucurana, cajueiro, mandiocão e mangueira. Ela pode ter dois ou três trastes, sendo que, no primeiro caso, os intervalos entre eles são de tom e semitom; no segundo caso, os intervalos entre os trastes são de semitons. A viola-de-cocho é produzida unicamente por processos artesanais, em geral por pessoas ligadas ao Cururu e Siriri, e da região de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Por serem manifestações culturais extremamente localizadas, as tradições do Cururu e do Siriri necessitam de apoio para sua manutenção. Nesse sentido, com muita justiça, o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tombou o complexo cultural do Cururu e Siriri como patrimônio imaterial. Esse disco, produzido pelo Instituto Nacional do Folclore, em 1988, tem gravações de Cururu e Siriri, recolhidas em campo por Elizabeth Travassos, renomada pesquisadora das tradições musicais brasileiras, juntamente com Roberto Correa, violeiro e pesquisador da viola caipira. Nele há cantigas entoadas nas rodas de Cururu e Siriri, cantadas e tocadas pelos cururueiros. Destaco a faixa 10, um rasqueado instrumental, e tem uma bela melodia tocada pela viola de coxo.
Lado A
01 – Canto da entrada da bandeira de folião
02 – Toadas de cururu
03 – Toada de cururu e baixão
04 – Toada de cururu
Lado B
01- Ladainha (trecho)
02 – Toada de cururu
03 – Toada de cururu e baixão
04 – Toadas de cururu
05 – Siriri: Toque da viola de cocho e “Eu vou na casa dela”
06 – Siriri: “Nhadaia” e “Garça Branca”
07 - Rasqueado
Um comentário:
Excelente. Viva Mato Grosso e sua cultura.
Por favor teria como postar outras músicas?
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