O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Da Quixabeira pro Berço do Rio (23/12/2010)

O Grupo da Quixabeira, que acabou se tornando uma das organizações mais importantes para a música e a cultura populares do recôncavo Baiano, surgiu em 1989, com o intuito de gravar este disco que posto para vocês hoje. O grupo é formado pela reunião de aproximadamente quinze comunidades rurais, localizadas nas proximidades de Feira de Santana. A produção do disco, contudo, contou com a participação de apenas seis dessas comunidades, sendo elas: Lagoa da Camisa, Matinha dos Pretos, Subaé, Boa Vista II, Tapuio e Valente). A gravação do disco forçou uma organização das comunidades que gerou outros resultados, como o desenvolvimento de trabalhos musicais independentes, por parte de cada uma delas. Os cantos que compõem o disco são músicas presentes no dia-a-dia do campo. Há, portanto, cantos de trabalho, cantigas entoadas em festas religiosas e em outras ocasiões festivas. O disco é um registro importante das tradições culturais do nordeste, porque serve de suporte da memória de uma série de gêneros e ritmos musicais de transmissão oral, tais como o aboio, o samba de roda, os batuques da roça, as cantigas de roda, a chula, o reisado, a bata de milho e de feijão, o boi de roça, entre outras manifestações culturais sertanejas. A maioria delas são canções de domínio público, passadas de mãe para filha, de pai para filho, de mestre para discípulo. Assim, as melodias são belíssimas, porque foram sendo aperfeiçoadas de geração em geração, em verdadeira criação coletiva da música. Esse é um patrimônio sem preço, cheio de beleza e história.


Lado A

                        1-      Samba santo amarense: Alô meu Santo Amaro (autor desconhecido)
                 Comunidade de Matinha-Feira de Santana (autor desconhecido)
2-     Batuques de sambaa)     Bahia pegou fogo b)     LicurIc)      Varanda boa
                                      (todos de autores desconhecidos) Valente
3-     Chula
                                        Da vaquejada da lapa (autor desconhecido)
                     Comunidade de Subaé-Serrinha
    4-     Batuque do bumba boi
                (autor desconhecido) Valente
5-     Boi de roça
              Platão (autor desconhecido)
                      Comunidade de Lagoa da Camisa - Feira de Santana
6-     Chula
                 Vinha de viagem (autor desconhecido) Valente
7-     Brincadeira de Roda
a)     Amor de longe                   
                                    b) Chora viola (autores desconhecidos)
                    Comunidade de Lagoa da Camisa - Feira de Santana
8-     Chula
  Chora viola (autor desconhecido)
Comunidade de Subaé-Serrinha
  
Lado B

  1- Aboio do sertão
              a)     Mamãe zela minha rede           
  b) Festa de vaqueiro
                     (todos de autores desconhecidos) Valente
2-     Folia de reis
 Chegada (autor desconhecido) Valente
 3-     Samba de roda
                     Da Quixabeira pro berço do rio (Zé Barriguinha)
     Comunidade de Tapuio - Arací
4-    Boi de roça
  Boi de Orerê (autor desconhecido)
             Comunidade de Tapuio - Arací
5-     Samba santo amarense
             Viola, violinha (autor desconhecido)
         Comunidade de Lagoa da Camisa - Feira de Santana
6-    Batuques
        a)Chapa do chapadeiro                    
b)Nevoeiro bonito
           c) Quatro horas da manhã(todos de autores desconhecidos)
       Comunidade de Lagoa da Camisa - Feira de Santana
7-     Batuques de bata de milho e feijão
   a) Galo canta à meia noite         
 b)Moça bonita
 c) Bata de milho                           
d)Duas maracanãs
     e) Que lajedo tão bonito            
          f) Amarra o bode (autores desconhecidos)
                 Comunidade de Subaé-Serrinha
8- Samba martelo
               Saí na segunda feira (autor desconhecido)
                 Comunidade de Lagoa da Camisa - Feira de Santana
9-Brincadeira de roda
                 Adeus pavão dourado (autor desconhecido)
              Comunidade de Boa Vista 2 - Serrinha

9 comentários:

Roberto Luis disse...

Parabéns pela postagem, não dá pra resistir a um comentário. Este disco chega em boa hora, já que não estava até então disponível na rede. Há muitos anos atrás, o escutei através de fita cassete (em meados da década de 90). É indiscutível a riqueza musical, vocal e instrumental registrada nesse trabalho, que não pode ser ignorado por nenhum músico interessado nas raízes brasileiras.
Há muito aí para ser explorado, quase ninguém aproveitou, já que a maior parte do repertório é de domínio público.

Particularmente:
03 - Chula;
06 - Chula Vinha de Viagem:
"Tu não faz como o passarinho
Que fez o ninho e avoou
Mas eu fiquei sozinho
Sem teus carinho
Sem teu amor"
07 - Brincadeira de Roda:
"Amor de longe, benzinho
É favor não me querer, benzinho
Dinheiro eu não tenho, benzinho
Mas carinho eu sei fazer até demais"

Marino Mirante disse...

Roberto, esse é um engano muito comum. Só é domínio público porque foi registrado assim nessa gravação, mas se você for até essa comunidade, as pessoas vão apontar os autores das canções que são de lá mesmo.
Todas elas tem autor conhecido sim e os próprios estiveram na gravação do disco.

Roberto Luis disse...

Ok, grato pelo esclarecimento. Persiste a questão: como é que uma gravação atribui a "autor desconhecido" algo que os próprios criadores estão interpretando na mesma? Que artifício é este, servindo a quem?
Sou inteiramente solidário ao direito de quem inventa algo, de ser citado como autor; mesmo que o conhecimento precise ser multiplicado e difundido, aqueles que "matutaram", merecem o aplauso de quem vem depois.
@braços, sucessos!

Marino Mirante disse...

Digamos que a resposta para esta questão está nas mazelas conhecidas do Brasil. Os artistas não foram assessorados por ninguém na época da gravação do disco pela ONG. Há um documentário da TVE da Bahia (Quixabeira: da roça à indústria cultural) em que é levantada essa questão. Aparentemente isso acabou ficando como está. O Brasil não conhece o Brasil porque é muito longe. Muitos rincões e interesses distintos.

ERIVAN SOARES disse...

Parabéns Cacai!!! Realmente esta é uma raridade. Por muito tempo garimpei a NET em busca desse disco e fico satisfeito em saber que existem pessoas como você: preocupado em divulgar a verdadeira música de raiz. Eu possuia este disco em vinil, mas acabou extraviando numa mudança de apartamento. Para min é um dos melhores disco sobre música regional. Grande abraço. Visite o nosso Blog:http://cascalhogrosso.musicblog.com.br/ e http://cascalhogrosso.blogspot.com/

R.Glauber disse...

Amigo, poderia disponibilizar novamente o disco? O link está quebrado.

Obrigado,

Rafael

Acervo Origens disse...

Olá R.Glauber

O link está funcionando normalmente aqui

Tente trocar de browser.

Obrigado pelo alerta

Cacai

guilherme disse...

Meu amigo(a) agradeço imensamente por postar esse disco precioso! Procurei muito até achar aqui!

Abraço

Unknown disse...

Parabéns pelo material cara