Nara nasceu em Vitória, no Espírito Santo, em 1942, e mudou-se para o Rio de Janeiro quando tinha apenas um ano de idade. Desde cedo, começou a tomar aulas de violão, com Solon Ayala e Patrício Teixeira, ex-integrante dos Oito Batutas, grupo do qual Pixinguinha fazia parte. Depois, na adolescência, teve aulas também com Roberto Menescal e Carlos Lyra, na academia musical deles, que funcionava em um quarto e sala em Copacabana. Logo, Nara foi integrada à academia como professora. A carreira como cantora começou em 1963, no elenco do musical “Pobre Menina Rica”, de Carlos Lyra e Vinícius de Morais. Nesse mesmo ano, participou da trilha sonora do filme “Ganga Zumba: Rei dos Palmares”, de Cacá Diegues (com quem ela se casou mais tarde). Em 1964, gravou seu primeiro LP, em que ela já mostrava uma sensibilidade musical extremamente aguçada. Nesse disco, além de cantar os compositores da bossa-nova, que estava começando, era ainda uma promessa, ela fez questão de incluir sambistas do morro, como Zé Keti e Nelson Cavaquinho, no repertório. Isso, inclusive, gerou críticas da nova geração de músicos, que chegaram a considerá-la meio quadradona. Mas ela seguiu sua intuição musical. Em 1964, ela participou, ao lado de Zé Kéti e João do Vale, do lendário espetáculo Opinião, que abordava questões sociais e políticas polêmicas, e ainda aconteceu na época em que o país estava sob regime militar. O disco da postagem de hoje foi gravado em 1966. Nele, Nara Leão lançou dois compositores: Sidney Miller e ninguém menos do que Chico Buarque. Além deles, ela cantou Paulinho da Viola (inclusive essa gravação foi importantíssima para a carreira dele), Vinícius de Moraes, Elton Medeiros, Noel Rosa e Nelson Cavaquinho. A sensibilidade de Nara Leão indicava para ela quem era fundamental para a música brasileira. E ela se cercou dessas pessoas. Não importava se moderno ou antigo, se do norte ou do sul, ela sabia o que seria imortal. E ajudou, com seu carismo e talento, a imortalizar dezenas de composições que hoje são consideradas centrais na história da música brasileira. Ela se foi cedo, aos 47 anos, vítima de um tumor cerebral. Mas continua aqui, cada vez mais presente, na memória musical brasileira.
Lado A
1- Pede passagem (Sidney Miller)
2- Olé, olá (Chico Buarque)
3- Amei tanto (Vinicius de Moraes e Baden Powell)
4- Palmares (Noel Rosa de Oliveira – Anescar Pereira Filho – Walter Moreira)
5- Recado (Paulinho da Viola – Casquinha)
6- Amo tanto (Macalé)
Lado B
1- Pedro pedreiro (Chico Buarque)
2- Quatro crioulos (Elton Medeiros – Joacyr Sant’Anna)
3- Pranto de poeta (Nelson Cavaquinhos – Guilherme Brito)
4- Magdalena foi pro mar (Chico Buarque)
5- Pecadora (Jair Costa – Joãozinho)
6- Deus me perdoe (H. Teixeira – L. Maia)
3 comentários:
Olá, Cacai Nunes,
Não tem muita importância o que vou dizer em face da importância do trabalho que você realiza, mas acho conveniente esclacer o seguinte:
Quando você diz que neste disco a Nara gravou "...Vinícius de Moraes, Elton Medeiros, Noel Rosa e Nelson Cavaquinho", passa a impressão de que se trata do Noel mais famoso, o "de Medeiros Rosa", de Vila Isabel. Na verdade, o gravado neste disco é o Noel Rosa de Oliveira, compositor do Salgueiro, nascido 10 anos depois do Poeta da Vila, falecido em 1988 e compositor, entre muitos outros sambas, de "O Neguinho e a Senhorita" e "Vem Chegando a Madrugada".
Parabéns pelo belo trabalho.
Mauro Crestani
São Paulo, SP
Puxa vida, este está muito ruim em qualidade do som. Tá certo que a tua proposta não é deixar os LPs com som impecável, sem chiado, pois vale mais o registro documental, etc etc, mas esse LP da Nara tá impossível de ouvir. É pena. Ainda assim, obrigado pelo trabalho que você faz.
Olá Mauro.
Obrigado pela correção na informação a respeito do Noel Rosa...Esses homônimos ainda nos matam !
Quanto à qualidade do áudio, nem sempre a gente acerta. Separei este LP e deixei na mão do técnico que faz as cópias. Infelizmente ele não me avisou e tb não ouvi antes da publicação. Foi uma falha.
Obrigado pela atenção
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