Paulinho da Viola é um autêntico filho do samba. Nascido em Botafogo, no Rio de Janeiro, em 12 de novembro de 1942, cresceu imerso no rico ambiente musical carioca. Seu pai, Benedicto César Ramos de Faria, era funcionário da Justiça Federal, ofício que garantia o sustento da família. Mas era também violonista, apaixonado pelo Choro, e integrante do Época de Ouro, um dos maiores regionais de Choro que o Brasil já teve. Foi com ele que Paulinho teve os primeiros contatos com a música. Paulinho frequentava, como espectador, rodas de choro e de samba em que estavam presentes grandes figuras, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Tia Amélia, Canhoto da Paraíba e tantos outros. Ainda menino, começou a brincar de tocar violão. Ele ia também às famosas reuniões na casa do Jacob do Bandolim, e assimilava atento toda aquela riqueza de informação, repleta de memória e conhecimento da belíssima tradição musical do Choro. Mas ele se interessava também pelo samba, e chegou a criar, na juventude, o bloco carnavalesco Foliões da Rua Anália Franco. Ainda adolescente, foi convidado para integrar o conjunto da escola de samba União de Jacarepaguá. Foi lá que apresentou seu primeiro samba, de nome "Pode ser ilusão". Mas ele realmente nem sonhava em viver de música, e, aos 19 anos, conseguiu seu primeiro emprego em uma agência bancária. Foi lá que (re)conheceu Hermínio Bello de Carvalho, com quem ele já havia estado junto nos saraus do Jacob. Esse encontro iria mudar os rumos de sua vida. Hermínio, que era poeta, e conhecia já profundamente o universo do samba, abriu as portas do gênero para Paulinho. Eles formaram, também, uma duradoura parceria. Foi Hermínio que apresentou para Paulinho os sambas de Zé Ketti, Elton Medeiros, Anescar do Salgueiro, Carlos Cachaça, Cartola e Nelson Cavaquinho, e levou Paulinho para conhecer o Zicartola, o boteco da hora, onde a nata do samba, junto com artistas, intelectuais, jornalistas e outros se reuniam para tocar, cantar, conversar, beber, comer e, junto com isso tudo, fortalecer o samba. Então, lá Paulinho começou a apresentar seus sambas. Um dia, Cartola pagou um cachê para ele, dando início, de modo informal, típico do samba, à carreira de músico compositor profissional de Paulinho da Viola. O pessoal do samba, inclusive Zé Ketti e Elton Medeiros, incentivou Paulinho, que nessa época ainda não usava o "da Viola" como sobrenome, a registrar suas músicas, porque assim algum intérprete poderia gravá-las, e torná-lo mais conhecido. Então, o próprio diretor da gravadora sugeriu que Oscar Bigode, Zé Ketti, Anescar do Salgueiro, Nelson Sargento, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Paulinho da Viola formassem um grupo, chamado "A voz do morro". O grupo foi gravar o primeiro disco em 1965, e na gravação, um funcionário da gravadora pergunta aos músicos o nome de cada um. Paulinho responde "Paulo César", e o homem retruca: "Mas isso não é nome de sambista". Então, como tudo no samba vira lenda, Zé Ketti contou a história para Sérgio Cabral, que escreveu uma crônica e batizou o rapaz de Paulinho da Viola. O grupo A Voz do Morro gravou ainda dois discos, que, obviamente, fizeram sucesso. Esse ano de 1965 ainda traria enormes surpresas para Paulinho. Primeiro, um de seus sambas foi gravado por Elza Soares, que, na época, estava no auge. Depois, desfilou pela Portela, uma das maiores paixões de sua vida. Como se não bastasse, em 1966, Paulinho apresentou, na quadra da Portela, o samba "Memórias de um Sargento de Milícias", que foi escolhida como samba enredo da escola, que foi campeã do carnaval, e com o deleite de ter seu samba enredo recebido nota máxima dos jurados. Ainda em 1965, Paulinho foi convidado por Hermínio Bello de Carvalho para participar do musical Rosa de Ouro, que projetou ainda mais o nome de Paulinho da Viola. Foi nesse período, em 1966, de intensa produção e grandes acontecimentos, que ele foi chamado para gravar um disco em parceria com Elton Medeiros. O disco, de nome Na Madrugada, é exatamente esse da postagem de hoje (reparem que ele foi relançado em 1989). Realmente, o disco está repleto de pérolas do samba. Tem músicas de Paulinho da Viola, músicas de Elton Medeiros e outras feitas sob parcerias primorosas, porque envolvem nomes como Mauro Duarte, Cartola, Zé Kéti, Candeia e Hermínio Bello de Carvalho. E o regional não fica nem um pouco atrás: Raul de Barros no trombone, Dino e Meira nos violões, Canhoto no cavaquinho, Copinha na flauta, Gilberto Luna e Jorge no ritmo. Sem dúvida, é mais uma obra prima da música brasileira, um disco para ser ouvido centenas de vezes. Difícil é destacar uma faixa, então arrisco a Faixa 1 do Lado B, um poutporri do melhor do samba carioca.
Paulinho da Viola e Elton Medeiros
Lado A
1- Arvoredo (Paulinho da Viola)
2- Maioria sem nenhum (Elton Medeiros-Mauro Duarte)
3- 14 anos (Paulinho da Viola)
4- Sofreguidão (Elton Medeiros-Cartola)
5- Momento de fraqueza (Paulinho da Viola)
6- Minha confissão (Elton Medeiros)
7- Perfeito Amor (Elton Medeiros-Hermínio Bello de Carvalho)
Lado B
1- Mascarada (Elton Medeiros- Zé Keti)
Minhas madrugadas (Pulinho da Viola-Candeia)
Injúria (Elton Medeiros – Cartola)
Recado (Paulinho da Viola-Casquinha)
O sol nascerá (Elton Medeiros-Cartola)
Jurar com lágrimas (Paulinho da Viola)
Rosa de ouro (Elton Medeiros-Paulinho da Viola-Hermínio Bello de Carvalho)
2- Depois de tanto amor (Paulino da Viola)
3- Samba original (Elton Medeiros- Zé Keti)
3 comentários:
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obrigado pelo alerta, Nathalia
link já atualizado !
Abraços
Cara, esse cd foi copiado de um disco de vinil.. Dá até pra escutar o barulho da agulha rsrs
Muito bom, parabéns pelo post
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