O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Viva o Frevo (21/04/2011)

Nelson Ferreira, o maestro da Orquestra de Frevos Mocambo, que gravou esse disco da postagem de hoje, tinha o apelido de Moreno Bom, e nasceu em 1902, em Bonito, Pernambuco. O pai dele era vendedor de jóias e tocava um violãozinho, e a mãe era professora primária. Ele começou a tocar violão, piano e violino na infância e, aos 14 anos, já era compositor (compôs uma valsa encomendada por uma companhia de seguros). Ele compunha em vários gêneros, mas foi se especializando em frevos. No começo do rádios, foi convidado para ser o diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco. Ele apresentava os mais variados tipos de programas, conseguindo boa audiência. Também em função da rádio, ele fundou várias orquestras. Na década de 1940, fundou uma Orquestra de Frevos, de fama que extrapolou as fronteiras pernambucanas e ganhou o território nacional. Paralelamente, ele foi diretor do selo Mocambo, da gravadora Rosenblit, a única que, na época, operava fora do eixo Rio-São Paulo. Nelson Ferreira é um dos compositores mais produtivos do nordeste, com centenas de composições gravadas por dezenas de artistas. Na década de 1970, a Mocambo resgatou, em 4 LPs, uma produção de 50 anos do querido maestro, abrangendo valsas e frevos de rua, de bloco e canção. Essa coletânea documental é da maior importância para a história sócio-cultural de Pernambuco.Ele faleceu em 1976. Nesse dia, Gilberto Freyre escreveu no Diário de Pernambuco:  “O vazio que deixa é o que nos faz ver como era grande pela sua música, pelo seu sorriso, pela sua fidalguia de pernambucano.”


Lado A

1-Zé Pereira (Motivo popular)
2-Quebra quebra Guabiraba (Plínio de Brito)
3-Vassourinhas no rio (Carnera)
4-Bicho danado (Zumba)
5-Ogênia, tem dó de mim (do clube Vassourinhas)
6-Tudo é assombração (Casaquinha)
7-Agora é que eu quero ver (Jones Johnson)
8-Borboleta não é ave (Nelson Ferreira)
9-Agüenta a virada (Edvaldo Pessoa)

Lado B

1-Se essa rua fosse minha (Matias da Rocha) Vassourinhas
2-Buliçosa (Zumba)
3-O salão esta vasio (Jones Johnson)
4-Fortunato no frevo (Nelson Ferreira – Sebastião Lopes)
5-Tira teima (Carnera)
6-Recordação de Ciciliano (Zumba)
7-Óia a virada (Nelson Ferreira)
8-Evocação (Nelson Ferreira)
9-Faz chorar (Motivo popular)
10-Final – Despedida do carnaval

Um comentário:

Osvaldo Travassos Sarinho disse...

Esta é uma das jóias que eu havia perdido nas minhas mudanças. Senti o cheiro de minha infância passada em João Pessoa, com férias em Recife. Reouvi os sons que saíam do velho rádio Mulard, com um passa-disco em cima. Eita, disco bom...
Muito obrigado!