O carnaval, fenômeno de alegria que contagia o povo ao longo de quatro dias absolutamente sem regras, teve origem no Entrudo português. O nome intrudus veio do latim, e nomeia os três dias de festa que antecedem o período litúrgico da quaresma. O entrudo, no Brasil, é documentado desde o século XVI, como uma festa de rua com abundância de água, farinha do reino, fuligem, goma, que eram lançadas aos transeuntes. A partir de 1604, várias portarias municipais começaram a proibir o entrudo e outras atividades nocivas à ordem pública; apesar de periodicamente as festas do entrudo ou carnaval serem proibidas, ele continua sendo realizado, nos quatro dias antes da quaresma. Foi no século XIX que o nome entrudo foi substituído por carnaval, por conta da moda, em Veneza, dos bailes de máscaras, que o Brasil também importou.
Em Pernambuco, a música do carnaval é o frevo. Desde o século XIX, as bandas militares, em seus desfiles, executavam frevos. Havia, inclusive, em meados do século XIX, duas bandas militares consideradas as melhores: a do 4º batalhão nacional, cujo mestre era o espanhol Pedro Garrido, e a banda da guarda nacional. As duas bandas eram tão populares que se agregaram a elas dois blocos, formados por capoeiristas rivais. Os dois bandos de capoeiras eram tão identificados com as bandas militares que compunham versos para cantar ao som de certos passos dobrados, e assim iam cantando, dançando, pulando, rodopiando, gingando, brincando, na frente ou atrás de sua banda. Dizem os estudiosos que o passo (dança) nasceu junto com o frevo (música). O frevo como música veio do dobrado, com influências da polca e da quadrilha; já o passo surgiu da ginga e das acrobacias dos capoeiras do século XIX. A palavra frevo, cuja origem é o verbo ferver, foi utilizada na imprensa pela primeira vez em 09 de fevereiro de 1907 (é por isso, então, que o Dia do Frevo é comemorado em 09 de fevereiro), em uma crônica que relatava o carnaval do Recife. O frevo, como gênero musical, tem tamanha força que gerou diversos subgêneros, sendo três os mais importantes: frevo-de-rua (frevo instrumental), frevo-de-bloco (composto especialmente para orquestra de pau e cordas dos blocos carnavalescos do Recife) e frevo-canção (com uma parte orquestrada no início e uma letra intercalando).
Entre os frevistas, destaca-se José Ursicino da Silva, o Maestro Duda. Ele nasceu em Goiana, interior de Pernambuco, em 1935. Começou na música com oito anos apenas; com dez, já participava de bandas e rapidamente conseguiu escrever sua primeira composição. Duda tornou-se, então, um dos maiores regentes, compositores, arranjadores e instrumentistas de toda a história do frevo. O disco da postagem de hoje tem direção musical e arranjos desse grande Maestro. Observem que, além dos frevos-de-bloco, frevos-canção e frevos-de-rua, há um outro tipo de frevo presente no disco, denominado frevo-regresso. Trata-se dos frevos tocados no momento do retorno ou regresso do clube à sede ou para o término do desfile. O destaque do disco fica para os frevos-de-rua, La Reine Frevo, do Maestro Casaquinha (Faixa 1 do Lado A) e Cinqüentenário de Vassourinha de Olinda (Faixa 1 do Lado B), lindos e muito bem orquestrados. E viva o carnaval!
Lado A
1-La reine-Frevo de rua-1928 (Maestro Casaquinha)
2-Marim dos Caetés-Marcha de bloco-1944 (Clídio Nigro – Fernando C. Neto – Bloco Guaiamum na vara)
3- Sou de Olinda-Marcha de bloco-1935 (Poeta Pindaro Barreto – Bloco Batutas de Olinda)
4-Vamos encostar-Frevo-1966 (Maestro Nunes)
5-Missão da Bernadete-Marcha de Bloco-1980 (João Santiago)
6-Regresso da pitombeira-Frevo regresso-1950 (Alex Caldas)
Lado B
1-Cinqüentenário de Vassourinha de Olinda-Frevo de rua-1962 (Clídio Nigro)
2-Rua do Amparo-Frevo Canção-1920 (Lídio Macacão)
3-Trinca de Az-Marcha de Bloco-1935 (Lafaite Lopes – Wilson Vanderley)
4-Tarde dourada-Marcha de bloco-1944 (Macário – Bloco Camelo de Olinda)
5-A zebra-Frevo canção-1976 (José Carlos Rosa)
6-Regresso do elefante-Frevo regresso-1954 (Clídio Nigro – Fernando C. Neto)
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