José Ursicino da Silva nasceu na cidade de Goiana, em Pernambuco, no ano de 1935. Viveu uma infância interiorana típica, repleta de liberdade e brincadeiras infantis. Em meio a isso, seu pai era alfaiate, e participava da banda Saboeira como percussionista, e foi exatamente por isso que Duda, apelido que os irmãos lhe deram desde pequeno, interessou-se pela música. Quando tinha uns oito anos, procurou a Saboeira para iniciar seus estudos musicais. Aos dez, já tocava clarineta e seu instrumento preferido, o saxofone. Com essa idade, arriscou sua primeira composição, o frevo “Furacão”, e fez para ele um pequeno arranjo. Entregou-o para o mestre da banda Saboeira, que deu uma mexida nele, e, orgulhosamente, deu o arranjo para a Saboeira tocar. Aos 15 anos, o futuro maestro foi morar em Recife, para integrar a Jazz Band Acadêmica, fundada em 1931 por Capiba. Pelo bom desempenho junto à banda, aos 18 anos ele assumiu sua regência. O Maestro trabalhou na Rádio Commercio, de Pernambuco, e chegou a ser chefe do Departamento de Música da TV Jornal do Commercio. Mas, com o fim dos programas de auditório nas televisões, as orquestras foram desfeitas, e nosso Maestro Duda rumou para o sul. Em São Paulo, trabalhou na TV Bandeirantes por quatro anos. De volta a Recife, encontrou, no ano de 1971, um ambiente musical movimentado pelo Movimento Armorial que lá se iniciava. O Maestro Duda chegou a participar de concertos, na cidade de Brasília, com a Orquestra Armorial de Câmara, mas nunca mergulhou de cabeça no Movimento Armorial, embora sua música fosse entranhada no solo nordestino.
A Orquestra de Frevo do Maestro Duda é, sem sombra de dúvida, a maior referência desse tipo de formação. Dentre os vários subgêneros do frevo, o chamado frevo de rua, exclusivamente instrumental, era executado pelas bandas de música e pelas fanfarras de frevo. No Recife da primeira metade do século XX, outras possibilidades de formação instrumental foram sendo experimentadas, e uma delas era baseada nas big bands norte-americanas, que animavam os bailes carnavalescos nos clubes do Recife. O Maestro Duda tinha intimidade com esse tipo de formação em função de seus trabalhos em rádios e televisões. Então, no ano de 1958, ele formou sua primeira orquestra. Como o frevo pernambucano é um ritmo que anima qualquer carnaval, a Orquestra do Maestro Duda acabou sendo contratada para animar o carnaval do Clube Astrea, em João Pessoa, na Paraíba. Foram oito carnavais consecutivos. Com a ida de Duda para São Paulo em 1967, a Orquestra parou por 4 anos, sendo reativada em 1971. A Orquestra passou a ser cada vez mais requisitada, não só para bailes carnavalescos, mas para toda a sorte de eventos. O Maestro Duda está, até, hoje, à frente de sua orquestra, botando o salão para ferver. Ele é hoje reconhecido como um dos maiores arranjadores do Brasil.
Esse disco da postagem de hoje não tem data. Ele foi lançado pela Tapecar, gravadora que existiu na década de 1970. Então, o disco é desse período. Ele tem frevos clássicos, muito bem executados, e com os incríveis arranjos do Maestro Duda. Isso fora o deleite de ouvir o Maestro tocando saxofone. Destaco Frevo Sanfonado, de Glorinha Gadelha e Sivuca; Relembrando o Norte, de Severino Araújo e Nino, o Pernambuquinho, de autoria do Maestro Duda.
Lado A
01-Duda no Frevo (Senô)
02-Capiba (Capiba)
03-Frevo sanfonado (Glorinha Gadelha – Sivuca)
04-Nino, o Pernambuquinho (Duda)
05-Relembrando o Norte (S. Araujo)
06-Trevo de 04 folhas (M.Dixon – H. Woods – Versão Nilo Sergio)
Lado B
01-Paraíba (H. Teixeira – L. Gonzaga)
02-Marilian (Duda)
03-Isquenta Muié (N. Ferreira)
04-Lágrimas de Folião (L. Ferreira)
05-Pare um minutinho (Duda – Messina – C. Almeida)
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