O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Clara Nunes (15/04/2011)

Clara Nunes nasceu em Paraopeba, Minas Gerais, em 1943. Seu pai era violeiro, e participava das Folias de Reis, e foi por isso que, desde a infância, Clara teve contato com a música popular. Em 1959, Clara, que já era órfã, mudou-se para Belo Horizonte. Começou a carreira artística em um concurso de calouros, em 1960. Ela venceu a fase regional do concurso, e assumiu um emprego na Rádio Inconfidência, chamado “Clara Nunes convida”. Ela fez muito sucesso na rádio, então, em 1963, foi convidada para estrear um programa de entrevistas e música na TV Itacolomi. Por causa desse programa, Clara foi ficando famosa na região, e foi travando contatos importantes com artistas e produtores do Rio de Janeiro e São Paulo. Então, logo em 1965, fez um teste na gravadora Odeon. Aprovada, mudou-se para o Rio de Janeiro. Os planos da Odeon para Clara Nunes eram transformá-la em uma grande cantora de boleros. A gravadora investiu pesado: quando Clara gravou o primeiro LP, em 1966, fez muita propaganda e enfiou a cantora em vários programas de auditório de sucesso. Mas a estratégia não funcionou. Embora Clara cantasse muito bem, não fez o sucesso esperado. A Odeon insistiu, e Clara cantou e gravou vários gêneros, como bolero, romântico e boleros, também sem conseguir sucesso. Em 1968, a própria Clara, com ajuda de Ataulfo Alves, pediu aos diretores da Odeon que a deixassem gravar samba, um genro que andava em baixa. Ela fez relativo sucesso, mas não o que a gravadora Odeon esperava. Então, nos anos de 1969 e 1971, uma mudança crucial tomou curso em sua vida. Clara nasceu católica e fez a primeira comunhão, mas, no Rio de Janeiro, ao conhecer a umbanda, teve com ela profunda identificação. Ela fez uma viagem para a África e, quando voltou, se aproximou mais ainda da umbanda. Então, ela apresentou à Odeon uma nova proposta de carreira, com mudanças no repertório e referências marcadas à cultura afrobrasileira, incluindo as religiões. A proposta era arrojada, e a gravadora ficou reticente. Mas Clara insistiu, e o projeto foi levado adiante. Então, a nova fase da carreira de Clara Nunes associava a cantora ao samba e à umbanda. Ela imprimiu um novo estilo à sua imagem artística. Passou a se apresentar apenas de branco, gravou pontos de umbanda e candomblé, fez até curso de expressão corporal e dança afro. Ela também procurou se aproximar de compositores como Cartola, Nelson Cavaquinho, Candeias, Romildo e Toninho, Martinho da Vila, João Nogueira e outros. Foi nesse período também que conheceu a Portela, escola de samba de seu coração. Ela fazia questão de revelar e valorizar sua fé. Foi nesse período que gravou o LP da postagem de hoje, o primeiro dessa fase da cantora, que logo virou sucesso de vendas. Ela inclusive quebrou um tabu, o de que “mulher não vende disco”, chegando a vender 400 mil cópias, mais até do que o Rei Roberto Carlos. Em 1974, Clara terminou um relacionamento com Adelzon Alves, que era também seu parceiro musical, e um dos responsáveis pela aproximação de Clara da umbanda e do samba. No ano seguinte, ela gravou Claridade, o disco de maior vendagem. Logo depois, ela casou-se com Paulo César Pinheiro, e foi se afastando da umbanda, e se aproximando novamente do catolicismo. Mas, em suas declarações, ela deixava clara a sua espiritualidade evoluída, que entendia que todas as religiões podem fazer alguém efetivamente se aproximar de Deus (ou se afastar Dele, em alguns casos). Mesmo longe da umbanda, Clara continuou cantando e gravando o melhor da música brasileira, até falecer, em 02 de abril 1983, depois de 28 dias de agonia, hospitalizada após um choque anafilático ocorrido durante uma cirurgia de varizes.



Lado A

1-Aruandê... Aruandá (Zé da Bahia)
2-Participação (Didler Ferraz-Jorge Belizário)
3-Meu lema (João Nogueira-Gisa Nogueira)
4-Ê baiana (Fabricio da Silva-Baianinho-Enio Santos-Miguel Pancrácio)
5-Puxada da rêde do Xaréu (1º parte) (Maria Rosita Salgado Goes)
6-Novamente (Luiz Bandeira)
7-Misticismo da África ao Brasil (Mário Pereira-Vilmar Costa-João Galvão)

Lado B

1-Sabiá (Luiz Gonzaga-Zé Dantas)
2-Rosa 25 (Geovana)
3-A favorita (Francisco Leonardo)
4-Puxada da rêde do Xaréu (2º parte) (Maria Rosita Salgado Goes)
5-Feitio de oração (Valdico-Noel Rosa)
6-Canseira (Paulo Diniz-Odibar)
7-Morrendo verso em verso(João Nogueira)      


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