O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Luiz Gonzaga - Eu e meu pai (24/06/2011)

Luiz Gonzaga saiu das entranhas do sertão, ganhou o Brasil, o mundo, inventou o baião, e foi coroado seu rei. Mas nunca se esqueceu do pai, Januário José dos Santos, que nunca saiu da Fazenda Caiçara, local onde começou a história do rei do baião. Foi, então, pela influência direta de Januário que Luiz Gonzaga se interessou pela música e pela sanfona. E foi o velho Januário, também, que lhe deu os primeiros ensinamentos. Januário era trabalhador rural, mas animava bailes tocando seu famoso fole de oito baixos. Além disso, ele era também consertador de sanfona de oito baixos. Um dia, quando era ainda muito jovem, procurando um lugar melhor para viver, foi parar na fazenda Caiçara, na Serra do Araripe. A fazenda pertencia aos descendentes do Barão de Exu, título dado a Gualter Martinico Alencar Arararipe, antepassado do escritor José de Alencar e do político Miguel Arraes de Alencar. O jovem Januário trabalhava para João Moreira de Alencar e Dona Nenê de Alencar. Na Fazenda Caiçara, Januário conheceu Ana Batista de Jesus, conhecida por Santana, com quem se casou. Januário era admirado na região do Araripe por ser exímio sanfoneiro. Homem de poucas palavras, dedicou a vida à família. Teve nove filhos, todos nascidos e criados na Fazenda Caiçara. Ele nunca saiu do Araripe, mesmo quando Dona Santana faleceu e, estando todos os filhos morando no Rio de Janeiro, ficou morando sozinho até casar-se novamente, com Dona Maria Raimunda de Jesus. Ele faleceu em 25 de setembro de 1978. Esse LP de hoje foi gravado um ano depois, como despedida de Luiz Gonzaga de seu velho pai. O disco está, então, carregado de emoção. É carregado, também, de músicos bons. Acompanham o Mestre Lua: Dominguinhos e Chiquinho no acordeom, Dino no violão de 7 cordas e Azulão no zabumba. Merece atenção especial a famosa “Respeita Januário”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, com direito a uma história muito bem contada por Luiz Gonzaga, sobre seu reencontro com seu pai. Também é de chorar a Súplica Cearense, de Gordurinha e Nelinho, que, por si só já é uma obra-prima, com melodia linda, mas aqui ganha cor especial na voz de Luiz Gonzaga. Abaixo, uma foto do Seu Januário, inspiração de toda a vida do Rei do Baião.
Januário José dos Santos, pai de Luiz Gonzaga (foto extraída do livro  Gonzaguinha e Gonzagão: Uma História Brasileira, de Regina Echeverria, lançado em 2006 pela Ediouro).


  


Lado A

    01-Orelha
(Humberto Teixeira)

     02-O mangangá
         (Luiz Ramalho)

     03-Súplica cearense
(Gordurinha - Nelinho)

     04-A vida do viajante
(Luiz Gonzaga – Hervé Cordovil)

     05-Acordo às quatro
(Marcondes Costa)

     06-Respeita Januário
(Humberto  Teixeira – Luiz Gonzaga)


Lado B

                01-Romance matuto                                                   
                     (Luiz Bandeira)                                                       

               02-Sorriso cativante                                                    
                  (Dominguinhos – Anastácia)                                    
              03-Manoelito  cidadão                                               
                           (Luiz Gonzaga – Helena Gonzaga)                          

04-Sou do banco
  (José Clementino – Hildelito Parente)  

05-O caçador
(Janduhy Finizola)

06-Rio Brígida
(Luiz Gonzaga - Luiz Gonzaga Jr)

07-Alvorada nordestina
(Orlando Silveira - Dalton Vogeler)










Nenhum comentário: