O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Gilvan Chaves – Caiçara (06/10/2011)

Gilvan de Assis Chaves nasceu em Olinda, Pernambuco, em 1919. Sua primeira apresentação ocorreu ainda no colégio, em Olinda,  a adolescência. Aos 17 anos, já demonstrava enorme talento como cantor e compositor, e compôs sua primeira canção, chamada "Tiro Errado", que nunca chegou a gravar. A carreira profissional de Gilvan Chaves começou aos 25 anos, quando ele ingressou na Rádio Clube de Pernambuco, a convite do maestro Nelson Ferreira, para tocar violão e cantar toadas e cantigas regionais. Na Rádio, Gilvan conheceu gente como Luiz Bandeira, Sivuca, Paulo Molin e José Tobias. Nos anos seguintes, atuou como vocalista nos conjuntos Ases do Ritmo, Os Boêmios e Grupo Paraguassu. Como cantor teve o prazer de inaugurar a Rádio Jornal do Commercio, em 1949 e a Rádio Tamandaré, em 1951. Ainda na década de 1950, Gilvan fixou residência no Rio de Janeiro, buscando, obviamente, mais oportunidades em sua carreira de músico e compositor. No sul, Gilvan fazia questão de manter-se fiel à música e à cultura nordestinas, e, exatamente por isso, acabou ganhando fama como divulgador do folclore nordestino. E não foi só como intérprete e compositor que Gilvan conseguiu espaço. Ele era ótimo contador de histórias, em que ele inseria seu humor fino e tipicamente nordestino. Foi no Rio de Janeiro, então, que Gilvan se firmou como intérprete, compositor e humorista das coisas do nordeste. Gilvan foi também um grande radialista, e contribuiu significativamente para a modernização do Rádio, ocorrida na década de 1970. Ele apresentou, durante anos, o programa Eu de Lá, Você de Cá, na Rádio Nacional de Brasília. O programa tinha audiência enorme, porque colocava os ouvintes no ar, e assim eles podiam se comunicar diretamente com suas famílias distantes. O sucesso foi imediato, e o programa está até hoje no ar, sendo apresentado por Luiz Alberto. Na Rádio Nacional, Gilvan Chaves era conhecido como Titio Gilvan, e até hoje os radialistas que conviveram com ele contam que aprenderam muito. O atual apresentador do Programa Eu de Lá Você de Cá disse uma vez: “Eu aprendi com o titio Gilvan Chaves que quando eu tô apresentando o programa, eu me transporto para o ambiente do ouvinte. Quando estou falando para o caminhoneiro, eu me transporto para a cabine do caminhão. E procuro falar a liguagem dele. Acho que esse é o sucesso. Colocar o ouvinte em primeiro lugar, como cidadão.”
Gilvan é autor de dezenas de músicas lindíssimas, dignas de constar no rol das melhores composições brasileiras. Então, se a Bahia nos deu Dorival Caymmi, Pernambuco nos brinda com Gilvan Chaves. Ele faleceu no dia 12 de agosto de 1986, na cidade de São Paulo. Conforme sua vontade, seu corpo foi cremado, e as cinzas jogadas no mar de Olinda.
O LP Caiçara, conforme a fotografia da capa indica, está repleto das canções praieiras que falam, com simplicidade poética, de amor e saudades, curtidos à beira-mar, sob a sombra dos coqueiros. Todas elas são belíssimas, mas destacamos Mocambo de Paia e Lenda do Pescador.


    Lado A

01- Lenda do pescador (Gilvan Chaves)
02-  Sem ninguém (Gilvan Chaves)
03- Mocambo de paia (Gilvan Chaves)
04- Eu não tenho a quem beijar (Gilvan Chaves)

Lado B

01- Pescadô preguiçoso (Gilvan Chaves)
02- O peixe e a muié (Gilvan Chaves)
03-  Jangada não anda só (Gilvan Chaves)
04- Onda vem, onda vai (Gilvan Chaves)

2 comentários:

Biancabis disse...

A música é boa, mas, como a maioria desse povo das antigas, é muito machista!

Josue disse...

Eu era crinça e gostava de ouvir o programa do gilvan e da tia leninha num radinho de pilha la na roça na bahia minha maé levantava cedo pra faser o cafe simples e liga o radio minha mae morreu a muito tempo e eu ja sou um quarentão.agoea é sò saudades