O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Theodoro Nogueira - Viola Brasileira - Antonio Carlos Barbosa Lima (30/03/2011)

Esse é o segundo disco de Theodoro Nogueira que o Acervo Origens disponibiliza. 
O primeiro está aqui, e lá tem também um texto sobre a vida desse músico tão importante para a Viola Brasileira. 
Nesse disco, os Prelúdios para Viola são executados por Antônio Barbosa Lima, aluno de Theodoro.



Lado A

1-1° Movimento (Allegro festivo)
2-2° Movimento (Andante expressivo)
3-3° Movimento (Festivo)

Lado B

1-Prelúdio n° 1 (Lentamente)
2- Prelúdio n° 2 (Bem ritmado)
3-Prelúdio n° 3 (Lento – animado – Lento)
4-Prelúdio n° 4 (Vagaroso)
5-Prelúdio n° 5 (Vivo)
6-Prelúdio n° 6 (Moderado – Ligeiro)
7-Prelúdio n° 7 (Bem Chorado)

terça-feira, 29 de março de 2011

Cartola - Documento Inédito (29/03/2011)

“Cartola não existiu, foi um sonho que a gente teve”. A frase de Nelson Sargento já é tão batida que parece sobrenome póstumo do Cartola.  Mas se ela é repetida, é porque traduz em poucas palavras o sentimento de tantas e tantas pessoas em relação a Cartola. Ele não era qualquer coisa: poeta de grande inspiração, melodista surpreendente e um homem incrivelmente bom. A vida bateu com força em Cartola, e ele nunca se lamentava, seguia em frente; sua obra extraordinária deu a ele, em vida, um reconhecimento infinitesimalmente menor do que o merecido. Em 72 anos de vida, Cartola compôs mais quinhentas músicas, todas elas verdadeiras obras-primas, que são gravadas, regravadas e cantadas por centenas de intérpretes. “O Sol Nascerá”, por exemplo, feita nos anos 60, já teve mais de seiscentas regravações. O nome dele era Angenor de Oliveira, e nasceu em 1908, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. Aos 8 anos de idade, ele desfilava nos blocos carnavalescos de rua. Aos 11 anos, a família mudou-se para o morro da Mangueira. Ele já trabalhava, como pedreiro, tipógrafo. Foi na obra que ganhou o apelido, porque usava um chapéu côco para não sujar o cabelo de cimento. Perdeu a mãe cedo, e, aos 17 anos, ficou solto no mundo, e caiu na boemia. Então, adoeceu. Quando melhorou, fundou, junto com mais seis companheiros, a Estação Primeira de Mangueira. Nessa época, ele já compunha no violão, e assim foi construindo seu fascinante repertório. Até a década de 1930, Cartola era conhecido apenas no morro da Mangueira. Foi em 1931 que o cantor Mário Reis comprou os direitos de uma música de Cartola, que acabou sendo gravada por Francisco Alves, que, em 1933, gravou mais três músicas de Cartola pela Odeon. Nesse mesmo ano, Carmem Miranda e Silvio Caldas gravaram músicas dele. Em 1940, o maestro Leopold Stokowsky visitou o Brasil com o intuito de registrar coisas representativas da música popular brasileira. Pediu, então, a Heitor Villa-Lobos que indicasse os expoentes da música. Então, a bordo do navio Uruguai, músicos extraordinários, como Pixinguinha, João da Baiana, Donga, Jararaca e Ratinho, Luís Americano e outros, gravaram algumas de suas composições. Cartola gravou “Quem me vê sorrindo”. Ainda na década de 1940, Cartola começou a cantar no rádio, e se apresentava em diversas emissoras. Foi nesse período que Cartola deu uma sumida do mapa, possivelmente por uma paixão desabalada. Para complicar ainda mais, seu nariz piorou. Ele tinha uma rosácea (uma doença que faz uma parte do tecido do nariz crescer, deixando-o deformado, parecendo uma couve-flor). Cartola fez uma cirurgia, que retirou o tecido hipertrofiado e substituiu por um enxerto extraído do pescoço. No pós-operatório, Cartola não poderia beber, fumar e nem tomar sol, e deveria retornar ao médico após quinze dias. E isso foi tudo o que ele não fez, e o resultado foi uma mancha escura no nariz, que virou sua marca. Cartola estava desaparecido, até que Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, encontrou-o lavando carros em uma garagem em Ipanema, de dia, e trabalhando como vigia, de noite. Sérgio Porto conseguiu emprego para Cartola na Rádio Mayrink Veiga e no Jornal Diário Carioca. Ele voltou à Mangueira, em 1961, já morando com a Dona Zica. Essa foi a época do Zicartola, boteco da moda da época, que acolhia entusiasmados jovens de classe-média. Mas, como toda moda, durou pouco, embora tenha sido de grande importância para o samba. No final da década de 60, Cartola integrou o elenco fixo das Noitadas de Samba do Teatro Opinião, que lhe renderam boa projeção. E foi somente em 1974, quando Cartola tinha 66 anos, que ele gravou o primeiro disco, graças à iniciativa do Marcus Pereira (para variar). Ele foi acompanhado por Dino e Meira nos violões de 7 e 6 cordas, Canhoto no cavaquinho, Raul de Barros no trombone, Copinha na flauta e Gilberto, Marçal, Luna e Jorginho na percussão. Cartola gravou cinco LPs. Ele faleceu em 1980, vítima de um câncer. O disco de hoje foi lançado em 1982, pela gravadora Estúdio Eldorado, dirigida por Aluizio Falcão. O lançamento foi um evento concorrido, em que celebridades da música brasileira se amontoaram para ouvir mais um pouquinho de Cartola. Ele tem trechos de uma entrevista dada ao Aluizio Falcão, em que Cartola fala sobre sua vida e obra (ele fala tudo de memória, e erra apenas umas poucas datas). Os andamentos das músicas puxam para o samba-canção, que Cartola declaradamente preferia ao samba. Não dá para indicar as melhores. A melhor é qualquer uma delas. Impossível não se emocionar.


  Lado A

      1- Que sejam benvindos (Cartola)
2- Autonomia (Cartola)
3- Acontece (Cartola)
4- Senões (Cartola e Nuno Veloso)

    Lado B

          1- O inverno do meu tempo (Cartola e Roberto Nascimento)
          2- Que sejas bem feliz (Cartola)
     3- Dê-me graças, senhora (Cartola e Cláudio Jorge)
   4- Quem me vê sorrindo (Cartola e Carlos Cachaça)

segunda-feira, 28 de março de 2011

Programa Acervo Origens - 31 (28.03.2011)

                                    Programa Acervo Origens - 31  (28.03.2011)
                                                              Hoje você vai ouvir : 

    Jacob do Bandolin, Silvério Pessoa, Elis Regina, Cila do Coco e nosso querido Roberto Corrêa

        Espero que gostem!


   

sexta-feira, 25 de março de 2011

Fafá de Belém - Tamba-Tajá (25/03/2011)

O nome dela é Maria de Fátima Palha Figueiredo. Nasceu no dia 10 de agosto de 1956, em uma família abastada de Belém, no Pará. Aos 9 anos, a garotinha já impressionava a audiência, feita de familiares e amigos, que a ouviam cantar em reuniões caseiras. Na adolescência, fugia de casa para encontrar os amigos e cantar em bares e boates. Foi por conselho de Roberto Santana, do Quinteto Violado, que ela começou a investir na carreira de cantora, cantando em bares, restaurantes e pequenas apresentações no Rio de Janeiro, Salvador e Belém. Em 1975, gravou a música “Filho da Bahia", de Walter Queiroz, para a novela "Gabriela", da TV Globo. Logo em seguida, gravou o primeiro compacto, e, logo em 1976, o primeiro LP, que é esse da postagem de hoje. Ele conseguiu raros elogios de José Ramos Tinhorão, que na época era crítico de música do Jornal do Brasil. Ele disse que Fafá era “uma cantora destinada a figurar no primeiro time da atual geração de grandes intérpretes brasileiros”. Em 1977, gravou o disco “Água”, que estourou no Brasil inteiro, e vendeu mais de cem mil cópias. Em 1979, gravou outro disco, o “Sob Medida”, que cantava, além dos ritmos regionais, músicas urbanas. Ela chamava a atenção pelas interpretações viscerais, juntamente com figurinos que realçavam suas formas voluptosas, inclusive os seus famosos seios. Na década de 1980, Fafá começou a gravar coisas que delicadamente poderíamos chamar de românticas, mas que, verdadeiramente, eram meio bregas. Com isso, ela virou um fenômeno de vendas. Um episódio que marcou sua carreira ocorreu em 1984, no auge da transição para o regime democrático, por causa de sua polêmica interpretação do “Hino Nacional Brasileiro”, que foi contestada pela justiça, mas ovacionada por milhões de brasileiros que almejavam mudanças políticas no país. No final da década de 80, Fafá dedicou-se à carreira internacional, principalmente em Portugal. Ela até gravou um disco só de fados. Nos anos 90, Fafá voltou a se aproximar dos ritmos regionais do início da carreira, e gravou toadas de bumba-meu-boi e carimbós. O disco de hoje, Tambá-Tajá, mostra o lado menos conhecido de Fafá. Está repleto de belas canções, e Fafá mostra, com suas incríveis interpretações, porque se tornou tão famosa. Destaco Siriê, de Edil Pacheco e Paulinho Diniz, Xamêgo, de Luiz Gonzaga e Miguel Lima e Esse Rio é Minha Rua, de Paulo André e Ruy Barata.


Lado A

1-Indauê Tupã (Paulo André – Ruy Barata)
2-Tamba-Tajá (Waldemar Henrique)
3-Siriê (Edil Pacheco – Paulinho Diniz)
4-Vento negro (Fogaça – Kledir Ramil)
5-Xamêgo (Luiz Gonzaga – Miguel Lima)
6-Haragana (Quico Castro Neves)
7-Canção da volta (Antonio Maria – Ismael Neto)

Lado B

1-Pode entrar (Walter Queiroz)
2-Cá já (Caetano Veloso)
3-Gaudêncio 7 Luas (Luiz Coronel – Marco Vasconcelos)
4-Fazenda (Nelsinho Ângelo)
5-Esse Rio é minha rua (Paulo André e Ruy Barata)
6-Fracasso (Mario Lago)

quinta-feira, 24 de março de 2011

José Siqueira - Xangô: Cantata Negra (24/03/2011)

José Siqueira foi um homem simplesmente impressionante. Maestro, compositor e acadêmico, era reconhecido internacionalmente pela competência. Fora isso, ele atuava como uma forte liderança no meio musical brasileiro, tendo inclusive criado várias entidades de classe ligadas à cultura, entre elas a Ordem dos Músicos do Brasil, a Sociedade Artística Internacional e o Clube do Disco. Siqueira nasceu em Conceição, no Vale do Piancó, na Paraíba, em 1907. Seu pai era mestre de uma banda marcial, e ensinou o jovem garoto a tocar diversos instrumentos, como saxofone e trompete. Na adolescência, José Siqueira tocava em bandas de várias cidades no interior da Paraíba. Em 1927, foi para o Rio de Janeiro integrar as tropas que iriam combater a Coluna Prestes. De imediato, entrou na Banda Sinfônica da Escola Militar, como trompetista. Na década de 1920, estudou composição com Francisco Braga e Walter Burle-Marx, e, em 1933, formou-se em composição e regência. Sua carreira como regente foi brilhante. Ele inclusive foi regente de grandes orquestras dos Estados Unidos, Canadá, França, Portugal, Itália, Holanda, Bélgica e Rússia, entre outros países. Regeu, nos Estados Unidos, orquestras como as Sinfônicas de Filadélfia, Detroit, Rochester. Na França, regeu a Orchestre Radio-Symphonique, de Paris, e, em Roma, a Sinfônica de Roma. No Brasil, ele apenas fundou a Orquestra Sinfônica Brasileira, em 1940, a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, em 1949, a Orquestra Sinfônica do Recife, a Orquestra Sinfônica Nacional e a Orquestra de Câmara do Brasil. Em 1969, foi aposentado pela ditadura militar, porque era declaradamente democrata. Foi proibido de dar aulas, reger e gravar. O regime militar inclusive alegava que ele poderia executar o Hino da Internacional Socialista. Com fortes inclinações comunistas, ele foi-se embora, então, para a União Soviética, e lá regeu a Orquestra Filarmônica de Moscou. Foi na União Soviética, inclusive, que boa parte de sua obra foi editada e preservada. Incrivelmente, apesar de uma carreira internacional incomparável, sua música tem clara origem nas tradições populares brasileiras, notadamente as negras. O disco de hoje traz, no Lado A, composições inspiradas no misticismo da umbanda e candomblé, executadas pela Orquestra Sinfônica de Paris; no Lado B, José Siqueira homenageia o carnaval do Recife, com composições inspiradas nos ritmos e brinquedos típicos da região na época do carnaval, como frevo, maracatu e caboclinho, executadas pela Orquestra Sinfônica da União Soviética.


Lado A


1-Xangô – Cantata negra para sopranos, coro misto e orquestra. 1 – Toada para Exu; 2-Toada para todos na linha de Umbanda; 3 – Toada para Ogum; 4 –Toada para Exu, na linha de Nagô; 5 – Toada para Ogum, na linha de Umbanda.
Alice Ribeiro (soprano), coro Brasiliana, orquestra sinfônica de Paris sob a regência do autor.

Lado B

1-O carnaval no Recife – Suíte de Bailado. 1 – Caboclinho; 2 – Maracatu; 3 – Frevo.
Orquestra sinfônica do Estado da URSS, sob a regência do autor.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Adauto Santos - Triste Berrante Part. Especial do Bando Macambira (23/03/2011)

Adauto Santos é um dos nomes mais importantes da música caipira contemporânea. Ao lado de Renato Andrade, Zé Mulato e Cassiano, Almir Sater, Roberto Correa e vários outros, Adauto foi uma importante resistência da autêntica música caipira frente à sua degeneração, representada pela música brega-sertaneja. Ele nasceu em 1940, no interior de São Paulo, mas ainda cedo se mudou para Londrina, no Paraná, onde cresceu. Foi lá que começou a carreira musical, com o Duo Havaí, formado por ele e sua irmã. O Duo já começou botando para quebrar, e venceu o Festival Roda de Violeiros, do lendário Capitão Furtado, realizado em Londrina. Em 1962, Adauto foi para São Paulo, e começou a cantar na noite paulistana. Durante muitos anos, ele se apresentou no famoso Bar Jogral. Duas coisas chamavam a atenção nas apresentações de Adauto: sua linda e afinadíssima voz e a viola caipira. Ele misturava coisas contemporâneas da MPB com as levadas e o repertório da viola, com grande talento, a ponto de começar a ganhar prestígio e espaço em rádios, televisões e jornais. E numa dessas, ele foi parar no Programa Som Brasil, apresentado por Rolando Boldrin, e isso abriu para ele muitas portas. Uma de suas composições, Triste Berrante, foi incluída na novela Pantanal, da Rede Manchete. Adauto faleceu em 1999, deixando uma obra de inestimável valor. O disco de hoje é o primeiro da carreira de Adauto, e tem, logo na primeira faixa do Lado A, seu maior sucesso, Triste Berrante, que merece ser ouvido com reverência. O disco tem a participação do Bando de Macambira, que  acompanhou Adauto Santos durante 20 anos. Esse conjunto é um grupo de choro e samba (vocês ouvirão, no disco, bandolins e cavaquinhos aqui e acolá), formado em 1969, na cidade de São Paulo, por vários irmãos migrantes do Ceará. Eram tantos irmãos que deu para montar um regional inteiro: João Pereira Lima (bandolim), Luiz Pereira Lima (violão de 7 cordas), Francisco Pereira Lima (cavaquinho-percussão) e Francisco Assis de Lima (percussão). Por incrível que pareça, o Bando continua tocando nas rodas de choro da terra da garoa.


* PS: recebemos algumas mensagens sobre a discografia do Adauto Santos.  
Na realidade, este disco, de 1978, não é o primeiro disco do Adauto Santos. Antes, em 1974, ele havia lançado, pela discos Marcus Pereira, o disco "Nau Catarineta" que está disponível no  http://300discos.wordpress.com/2010/12/19/mp36-adauto-santos-nau-catarineta-1974


Lado A

1-      Triste berrante (Adauto Santos)
2-     Caminhante do universo (Adauto Santos-Paulo Elias Machado)
3-     Devoção (Nonô Brasilio)
4-    Flor do cafezal (Luiz Carlos Paraná)
5-     Pousada (Adauto Santos)
6-    João Pretinho (Adauto Santos-Paulo Elias Machado)

Lado B

1-      Adeus viola (Adauto Santos)
2-     Doce de cidra (João Pacifico)
3-     Cantiga a moda mineira (Raymundo Prates)
4-    Vento bateu (Adauto Santos)
5-     O baile (Adauto Santos)
6-    Anoitecer na quaresma (Adauto Santos- Raymundo Prates)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Programa Acervo Origens - 19mar2011

                   Programa Acervo Origens na Rádio Nacional (19/03/2011)

Hoje temos samba, viola e rabeca com os ilustríssimos Candeia, Elomar, Mestre Salustiano e Alventino Cavalcanti.

Aproveitem que está bem legal


sexta-feira, 18 de março de 2011

Cachimbinho e Livardo Alves com seu Grupo Peneira - Com muito amor e pimenta (18/03/2011)

Tomás Cavalcante da Silva, o Cachimbinho, nasceu em 6 de abril de 1935, em  Guarabira, na Paraíba. Começou cantando aos 13 anos, e chegou a ser preso por cantar emboladas em uma praça. Um dia, comprou uma passagem e foi com a cara e a coragem para o Rio de Janeiro. Lá, conheceu Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, que o ajudaram na carreira. Cachimbinho é um dos grandes mestres do côco de embolada. Livardo Alves nasceu em 1935, em João Pessoa, na Paraíba. Na década de 1950, trabalhou como redator e revisor no jornal “A União”. Depois, foi contratado pela Rádio Tabajara como cantor, locutor e repórter. Algumas de suas composições bombaram, como a famosa “Marcha da Cueca” (eu mato/eu mato/ quem roubou minha cueca / pra fazer pano de prato), e Meu País (feita em parceria com Orlando Tejo, e gravada por Zé Ramalho). Ele compôs também hinos para clubes de futebol da Paraíba. Ele ainda musicou peças teatrais, entre elas: "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna; "Acima do Bem Querer",  de Luiz Marinho; "Viva Cordão Encarnado/ A chegada de Lampião no Inferno", de Luiz Mendonça; e "A Cara do Povo do Jeito Que Ela É", de Paulo Pontes. Ele faleceu em 2002, deixando dezenas e dezenas de excelentes composições. Nesse disco que o Acervo Origens posta hoje, há músicas cantadas por Cachimbinho alternadas com outras cantadas por Livardo. O Grupo Peneira é Baby, na viola, contrabaixo e vocal, Vasconcelos, no cavaquinho, gaita e vocal, Rubinho, no violão, triângulo e vocal, Paulo Batera, na percussão e a direção musical é de Livardo Alves.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Moacyr Silva sua Orquestra e Coro - É tempo de Samba (17/03/2011)

Moacyr Silva nasceu em Cataguases, Minas Gerais, em 1940, e faleceu em 2002, em Conselheiro Lafaiete. Ele foi um saxofonista e produtor musical brasileiro. Só que ele não era apenas o Moacyr Silva, porque, por várias vezes, ele foi também o Bob Fleming. Mas o Bob Fleming também nem sempre foi o Moacyr Silva, porque outro saxofonista brasileiro, chamado Zito Righi, também foi o Bob Fleming. Acontece que o Bob Fleming nunca existiu materialmente, ou seja, ele era uma abstração. Ele surgiu em 1959, fruto da imaginação criativa e lucrativa de Nilo Sérgio, o produtor musical da gravadora Musidisc. A Musidisc, então, passou a ser dona do Bob Fleming, e o Nilo Sérgio escolhia o saxofonista que ele achava melhor para fazer as gravações do Bob Fleming. Sua estratégia, de criar um saxofonista de nome norte-americano, tocando os hits do momento, como boleros, baladas e até bossa-nova, deu certo, e vendeu milhares de cópias. Sabem aonde? No Brasil, é claro. Nilo Sérgio reconhecia que poderia se aproveitar comercialmente dessa velha mania brasileira de almejar ser a Europa ou os Estados Unidos, e consumir o que vem de lá sem sequer analisar o conteúdo. De fato, os discos do Bob Fleming nem tinham ficha técnica, então se supõe que este ou aquele tenham sido gravados por Moacyr Silva. Mas eram muito bons. Como este da postagem de hoje, que também é muito bom, mas vendeu menos, porque não era o Bob Fleming, um gênio do saxofone mundial, mas somente o coitado do Moacyr Silva, um saxofonista pobre, brasileiro, negro e subdesenvolvido. Mas ele era muito versátil, além de tocar jazz, bolero, e quaisquer outras coisas que viessem, era bom de samba, como podemos ouvir nesse LP de hoje. Poder-se-ia dizer que o Moacyr era melhor do que o próprio Bob Fleming.


Lado 1
1-      Tema prá Dedê (Nelsinho)
Tamanco do samba (Orlann Divo-Helton Menezes)
2-     Esperando (Marconi Campos da Silva-Hilton Acioli)
Morreu num beijo (João Roberto Kelly-Oswaldo Moraes)
3-     Chora tua tristeza (Oscar castro Neves-Luverci Fiorini)
Onde estava eu? (Armando Cavalcanti-Victor Freire)
4-    Tudo de mim (Evaldo Gouveia-Jair Amorim)
Quando ela se foi (Moacyr Silva-Antonio Maria)
5-     Sambadinho (Orlann Divo-Roberto Jorge)
Zé de Conceição (João Roberto Kelly)
6-    Amor de ilusão (Eduardo Lobo)
A mesma rosa amarela (Capiba-Carlos Pena Filho)

Lado 2

7-     Fio de canção (Luiz Antonio)
Está nascendo um samba (Tito Madi-Romeu Nunes)
8-    Um pouco de você (Moacyr Silva-Joluz)
Desenhei corações (Collid Filho-Oldemar Magalhães)
9-    Eu chorei (Edmundo Maciel)
Samba de uma saudade (Jean Pierre-Joluz)
10-Samba internacional (Sidney Morais)
Produto nacional (Geraldo Barbosa-Geraldo Wesper)
11-  A história não mudou (Alcyr Pires Vermelho-Nazareno de Brito)
Recordação de um amor (Ieddo Gouveia-Rubio Silva-Wilson Medeiros)
12- Pelo bem que eu te quero (Otavio Filho)
É só bem querer (Alvaro Xavier)

quarta-feira, 16 de março de 2011

Bumba Boi de Rósario - Maranhão (16/03/2011)

O Bumba-meu-boi é uma das manifestações tradicionais mais importantes do estado do Maranhão, por sua história, música, indumentária e por sua forma vibrante de se apresentar. A brincadeira do boi surgiu no século XVIII, mas até o século XX sofreu preconceito e perseguição policial. Uma carta, datada de 1820, a um jornal da época, descrevia o bumba-meu-boi como uma perigosa reunião indígena, que além de ser festivo e alegre, tinha também caráter marcial, oferecendo riscos de emergir, dali, forças revolucionárias. De fato, as classes burguesas tinham verdadeiro pavor do boi até as primeiras décadas do século XX. Foi a partir daí que a brincadeira passou a ser considerada parte integrante do patrimônio cultural maranhense. Atualmente, ela inclusive rende receitas, porque é importante atração turística. Os vários grupos de bumba-meu-boi têm características próprias em relação a instrumentação, indumentária, dança, coreografia e levadas rítmicas. Para cada modo de realizar a brincadeira, convencionou-se chamar “sotaque”. Há o sotaque de Matraca, de Zabumba, de Orquestra. O Boi de Rosário, um dos grupos mais tradicionais do Maranhão, tem sotaque de orquestra, caracterizado pela presença de instrumentos de sopro e de cordas (saxofones, banjos, pistons e clarinetes) e mais um bombo, um tambor-onça e maracás. O ritmo é alegre, contagiante e brincalhão.


Lado A

1-Raiar do dia (Marcelino)
2-Abre a porta do palácio (Camilo)
3-Vem ver morena (Marcelino)
4-Moça me dê uma rosa (Bibiano)
5-A face de Deus (Ribamar)
6-Batalhão Rosariense (Inaldo)

Lado B

1-São Luis cidade bela (Inaldo)
2-Telegrama (Ribamar)
3-Lua cheia – Inaldo (Bibiano)
4-Vento forte (Camilo)
5-São João meu protetor (Camilo)
6-E chegada a hora (Inaldo)

terça-feira, 15 de março de 2011

Jacinto Silva - Cantando (15/03/2011)

Jacinto Silva nasceu em Palmeira dos Índios, Alagoas, em 1933. Discípulo de Jackson do Pandeiro, aprendeu com o mestre a dominar o ritmo, e aprofundou a arte de entortá-lo, desconstruí-lo, sem, contudo, perder o pulso da música.  Sobre seus malabarismos rítmicos, ele mesmo dizia: “saio desmantelando e depois vou consertando”. Ele começou cedo na música, ainda garoto, cantando acompanhado por um regional. O primeiro disco foi gravado em 1962, com o baião "Justiça divina", de Onildo Almeida e a moda de roda "Bambuê bambuá", de Joaquim Augusto e Luiz Plácido. Depois, gravou mais alguns 78 rpm. O disco de hoje é o primeiro LP de Jacinto, lançado em 1965 pela CBS, com produção do gigante Abdias dos 8 baixos. Daí em diante, não parou mais de gravar e compor (o Acervo Origens já postou outro disco dele, disponível aqui). 
 
Jacinto criou um estilo próprio de cantar, com a característica marcante de cantar muito rápido, porém conseguindo pronunciar as palavras com clareza impressionante. Por conta dessa sua capacidade, ele compunha letras cheias de trava-línguas, difíceis de cantar, como Corrope de Jaboatão, de autoria dele e Antônio Clemente (Faixa 6 do Lado A). No dia 2 de março de 2011, foram-se dez anos de sua partida. Jacinto é inspiração de artistas contemporâneos, como o grupo Cascabulho e Silvério Pessoa, que gravou, em 2001, um disco com 14 das suas mais de duzentas composições. Que ele nos inspire cada vez mais!


Lado A

1- Pra rapaziada (João Silva – Pedro Cruz)
2- No pinicado (K-Boclinho – Fernando Silva)
3- Flor da Gamaleia (Agripino Aroeira – Jacinto Silva)
4- Amor de capinheiro (Antônio Clemente – Jacinto Silva)
5- O cantador (D.Matias – Jacinto Silva)
6- Corrope de Jaboatão (Antônio Clemente – Jacinto Silva)

Lado B

1- Girassol (Jacinto Silva – Antonio Clemente)
2-Rabo de saia (Elino Julião – José Pereira)
3-Côco na ciranda (Antônio Clemente – Jacinto Silva)
4-Côco do M (Zé do Brejo – Jacinto Silva)
5- O pau vai cantar (Jacinto Silva – Sebastião Rodrigues)
           6-Côco Sincopado (Jacinto Silva – Zezé da Lojinha)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Programa Acervo Origens - 12mar2011

Hoje no Acervo Origens temos uma reprise muito especial!

Neste, temos Mônica Salmaso, a viola de cocho de Daniel de Paula, Oswaldinho do Acordeon, Cascatinha e Inhana, Chico Science e Nação Zumbi, Beth Carvalho e Altamiro Carrilho.

O programa Acervo Origens vai ao ar aos sábados às 19h na Rádio Nacional FM Brasília 96,1mhz e às 20h na Nacional AM Brasília 980khz, podendo ser ouvido ao vivo aqui no Blog, clicando no banner do Programa.

Bom proveito !


sexta-feira, 11 de março de 2011

Isabel Mourão - Danças Brasileiras (11/03/2011)

Oba, esse disco representa mais uma iniciativa fantástica da grande gravadora Marcus Pereira. Em seu afã por registrar o mais que pudesse da música brasileira, Marcus Pereira, dono de uma pequena gravadora, conseguiu realizar boa parte dos melhores e mais importantes registros da música brasileira. Aqui, em outra postagem do Acervo Origens, tem um pouco mais da história desse homem. Então, Marcus Pereira tinha mesmo a pretensão de fazer uma espécie de mapeamento da música brasileira, e esse disco certamente é parte importantíssima desse projeto. Ele selecionou composições representativas de uma série de danças brasileiras (como maxixe, jongo, lundu, congo, e outras), que foram gravadas por Isabel Mourão, uma das maiores pianistas brasileiras.  Paulistana, Isabel foi consagrada no Brasil e no exterior como exímia instrumentista. Ela conseguiu grande reconhecimento ao gravar, pela primeira vez, a obra completa para piano de Grieg (compositor norueguês do período romântico). Isabel sempre se dedicou à música brasileira. Por isso, era intérprete preferida de uma série de compositores, dentre eles Camargo Guarnieri. Linda música é Brasileira , de Alberto Nepomuceno (faixa 7, lado B), e brilhante é a interpretação de Isabel Mourão.


 Lado A

1-Frutuoso Viana (Corta jaca)
2-Francisco Mignone (Maxixando)
3-Francisco Mignone (Congada)
4-Francisco Braga (Os Lundus da Marquesa)
5-Osvaldo Lacerda (Baião)
6Guerra peixe (Cateretê)

Lado B

1-Lorenzo Fernandez (Jongo)
2-Ernani Braga (Tango brasileiro)
3-Villa Lobos (Miudinho)
4-Camargo Guarnieri (Dança negra)
5-Cláudio Santoro (Paulistana n°2)
6-Marlos nobre (Capoeira e côco I)
7-Alberto Nepomuceno (Brasileira)

quinta-feira, 10 de março de 2011

Nara Leão - Nara pede passagem (10/03/2011)

Nara nasceu em Vitória, no Espírito Santo, em 1942, e mudou-se para o Rio de Janeiro quando tinha apenas um ano de idade. Desde cedo, começou a tomar aulas de violão, com Solon Ayala e Patrício Teixeira, ex-integrante dos Oito Batutas, grupo do qual Pixinguinha fazia parte. Depois, na adolescência, teve aulas também com Roberto Menescal e Carlos Lyra, na academia musical deles, que funcionava em um quarto e sala em Copacabana. Logo, Nara foi integrada à academia como professora. A carreira como cantora começou em 1963, no elenco do musical “Pobre Menina Rica”, de Carlos Lyra e Vinícius de Morais. Nesse mesmo ano, participou da trilha sonora do filme “Ganga Zumba: Rei dos Palmares”, de Cacá Diegues (com quem ela se casou mais tarde). Em 1964, gravou seu primeiro LP, em que ela já mostrava uma sensibilidade musical extremamente aguçada. Nesse disco, além de cantar os compositores da bossa-nova, que estava começando, era ainda uma promessa, ela fez questão de incluir sambistas do morro, como Zé Keti e Nelson Cavaquinho, no repertório. Isso, inclusive, gerou críticas da nova geração de músicos, que chegaram a considerá-la meio quadradona. Mas ela seguiu sua intuição musical.  Em 1964, ela participou, ao lado de Zé Kéti e João do Vale, do lendário espetáculo Opinião, que abordava questões sociais e políticas polêmicas, e ainda aconteceu na época em que o país estava sob regime militar. O disco da postagem de hoje foi gravado em 1966. Nele, Nara Leão lançou dois compositores: Sidney Miller e ninguém menos do que Chico Buarque. Além deles, ela cantou Paulinho da Viola (inclusive essa gravação foi importantíssima para a carreira dele), Vinícius de Moraes, Elton Medeiros, Noel Rosa e Nelson Cavaquinho. A sensibilidade de Nara Leão indicava para ela quem era fundamental para a música brasileira. E ela se cercou dessas pessoas. Não importava se moderno ou antigo, se do norte ou do sul, ela sabia o que seria imortal. E ajudou, com seu carismo e talento, a imortalizar dezenas de composições que hoje são consideradas centrais na história da música brasileira. Ela se foi cedo, aos 47 anos, vítima de um tumor cerebral. Mas continua aqui, cada vez mais presente, na memória musical brasileira.


Lado A

1-      Pede passagem (Sidney Miller)
2-     Olé, olá (Chico Buarque)
3-     Amei tanto (Vinicius de Moraes e Baden Powell)
4-    Palmares (Noel Rosa de Oliveira – Anescar Pereira Filho – Walter Moreira)
5-     Recado (Paulinho da Viola – Casquinha)
6-    Amo tanto (Macalé)

Lado B

1-      Pedro pedreiro (Chico Buarque)
2-     Quatro crioulos (Elton Medeiros – Joacyr Sant’Anna)
3-     Pranto de poeta (Nelson Cavaquinhos – Guilherme Brito)
4-    Magdalena foi pro mar (Chico Buarque)
5-     Pecadora (Jair Costa – Joãozinho)
6-    Deus me perdoe (H. Teixeira – L. Maia)