O Acervo Origens é uma iniciativa do violeiro, pesquisador e produtor musical Cacai Nunes e visa pesquisar, catalogar, divulgar e compartilhar conteúdos musicais na internet e em atividades culturais das mais diversas como shows, saraus, bailes de forró e programas de rádio. Ao identificar, articular e divulgar a música brasileira, sua história e elementos – entendidos como o conjunto entrelaçado de saberes, experiências e expressões de pessoas, grupos e comunidades, sobre os mais diversos temas – o ACERVO ORIGENS visa contribuir para a geração e distribuição de um valioso conhecimento, muitas vezes ignorado e disperso pelo território nacional.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ely Camargo - Danças Folclóricas (28/10/2011)

 Esse é o segundo LP de Ely Camargo disponibilizado aqui no Acervo Origens. O primeiro, Cantigas do Povo, está disponível aqui, juntamente com um pequeno texto, que fala sucintamente sobre a vida e a obra dessa grande folclorista brasileira. O interesse pelo folclore, Ely Camargo adquiriu em função de sua infância em Goiás, antiga capital do estado, em que viu, nas festas locais, apresentações de grupos de Congos e Tapuios. Quando Ely foi morar em São Paulo, ela cantava as músicas que guardava de memória, aprendidas nas festas em sua cidade natal. Mas ela sentia que lhe faltavam informações. Ela chegou a gravar um LP com o pesquisador e professor Rossini Tavares de Lima, mas a falta dos registros das músicas tais como eram cantadas deixou a dupla com dúvidas sobre diversos aspectos das músicas, embora do disco tenha ficado lindo. Então, Ely resolveu ir a campo, e gravar in loco, nas festas populares, a maneira exata como as músicas eram elaboradas. Dessa pesquisa resultou em enorme acervo, que se encontra em poder da própria Ely, contendo entrevistas e gravações das músicas. A partir dessas pesquisas, Ely gravou vários LPs, sob orientação do Professor Rossini Tavares de Lima, com os temas folclóricos que coletou em sua pesquisa de campo. Um deles é justamente esse, da postagem de hoje. Então, aproveitem essa prazerosa aula de folclore brasileiro.


Lado A

                  01-Reisado Alagoano
                  02-Ciriri
                  03-Cateretê de Brejo Velho
                  04-Pastoril de Sergipe e Alagoas
                  05-Caiapó Paulista e Mineiro
                  06-Samba lenço
                  07- Boi Bumbá e boi

  Lado B

01-Cantiga de São Gonçalo
02-Querumana
03-Ratoeira
04-Dança do retiro novo e dança da caçada
05-Moçambique
06-Maracatú





quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Eudoxia de Barros – Ouro sobre Azul (27/10/2011)

Eis aqui uma obra-prima de uma das maiores pianistas do Brasil. Eudóxia de Barros nasceu em São Paulo, no ano de 1937.  Ela estudou piano desde criança, no Brasil e no exterior, e é conhecida e reconhecida por divulgar a obra de Ernesto Nazareth, pilar fundante do Choro e de toda a música brasileira, influência não só de pianistas, mas de todos os instrumentistas importantes para a música brasileira. Nesse LP que o Acervo Origens posta hoje, Eudóxia interpreta, brasileiríssimamente, grandes clássicos de autoria de Ernesto Nazareth.


Lado A

                 01-Ouro sôbre azul
                 02-Sarambeque
                 03-Elegantíssima
                 04-Tenebroso
                 05-Ameno rosedá
                 06-Labirinto
                 07-Coração que sente
                 08-Fon-fon
                 09-Bambino

    Lado B

            01-Batuque
02-Apanhai-te cavaquinho
03-Confidências
04-Carioca
05-Escorregando
06-Duvidoso
07-Eponina
08-Odeon
09-Brejeiro

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ivon Curi – Para ouvir sorrindo (26/10/2011)

Esse é o segundo disco de Ivon Cury postado no Acervo Origens. O primeiro, uma coletânea, está disponível aqui. Lá tem também anotações sobre a biografia desse cantor/humorista espetacular. Nesse LP, que está sem data, de forma que não sabemos como foi lançado, Ivon selecionou um repertório de músicas com letras cômicas, e põe nelas a interpretação singular do artista que é tão bom como cantor quanto como ator. Além das músicas, Ivon nos presenteia com um pequeno texto na contracapa do disco, em que ele discorre filosoficamente sobre a arte de fazer rir. Uma delícia de disco!


Lado A

01-Sete mentiras (Zé e Zilda)
02-Receita de mandar mulher embora (Billy Blanco)
03-Vem comigo (Eduardo Patané/Almeida Rêgo)
04-História de um pronto (Pedro Rogério/Lombardi Filho)
05-Não Bula comigo (Hianto de Almeida/Francisco Anisio)
06-Baião de roda (Jair Amorim)

 Lado B

01-Forró do beliscão (Ary Monteiro/João Vale/Leôncio)
02- Idéias erradas (J. Ribamar/Dolores Duran)
03- Foi num trem (Luiz Claudio/Nazareno de Brito)
04-Baião do Café (Ivon Curi/Mario Meira Guimarães)
05-Banquete de capim (Rosalino Sênos/Milton Gomes)
06-Pé de cana (Buck/Sylvio Barreto)




terça-feira, 25 de outubro de 2011

Lia de Itamaracá (25/10/2011)

Nascida no ano de 1944, Maria Madalena Correia do Nascimento desde os 12 anos comanda rodas de ciranda na Ilha de Itamaracá. A menina sempre morou com a Mãe e com 4 de seus 22 irmãos. O pai tinha outra família, à qual ele dava mais atenção, de forma que Lia tinha com ele encontros esporádicos, geralmente uma vez por ano. Até os 25 anos, viveu na Ilha de Itamaracá, quando fugiu para a cidade vizinha, Igarassu, para morar com seu primeiro marido. Ela viveu com ele por oito anos. Nos anos 60, organizava rodas de ciranda em um bar onde trabalhava como cozinheira. Trabalhou também como merendeira em uma escola pública no bairro onde nasceu. Foi somente no ano de 1977 que Lia gravou seu primeiro LP, esse que o Acervo Origens posta hoje. Ele contém cocos, maracatus e cirandas, vários de autoria da própria Lia. O disco recebeu grande destaque da mídia, e para a própria Lia, acendeu a esperança de dias melhores. Mas, conforme uma matéria do jornal O Diário de Pernambuco afirmou, em 1980, três anos após o lançamento do seu primeiro LP, a vida dela nada havia mudado. Ela continuou morando no mesmo lugar, trabalhando a semana toda como merendeira e animando as rodas de ciranda nos sábados à noite. Em 1990, ela ainda viu sua casa ser queimada, e perdeu quase tudo o que tinha. Foi somente nos finais da década de 1990 que Lia foi “redescoberta”, e hoje é ovacionada novamente como a Rainha da Ciranda, título que ela merecidamente já possuía há décadas.





Lado A

01-Quem me deu foi Lia (Baracho)_Moça namoradeira (Lia de Itamaracá)_Quero saber (Oziris Diniz/Fernando Borges)_Menina que vai a praia (Lia de Itamaracá)_Ô se balança (Oziris Diniz/Fernando Borges)
02-Ciranda do Geraldo (Geraldo de Almeira/José Bartolomeu)_Vou dançar ciranda (José Bartolomeu/Fernando Borges)_Bôa viagem (Geraldo de Almeida/Fernando Borges)
03-Ciranda nova (Lia de Itamaracá/Tina Borges)_Baixa verde (Lia de Itamaracá)_Doutor Jorginho (Lia de Itamaracá/Tina Borges)

Lado B

01-Pai Baracho (Oziris Diniz)
02-Ciranda de Lia (Paulo Fernando Ferreira)
03-Côco verde (Fernando Borges/João Santiago)_ Ciranda feiticeira (Oziris Diniz/Fernando Borges)
04-Minha ciranda (Capiba)_Moreno cirandeiro (Duda/Oziris Diniz)
05-Moreno dengoso (José Bartolomeu/José Lopes Filho)_Menina linda (Evanildo Maia/Gelson Menezes)_Pátio de São Pedro (Jaime Dounis/José Bartolomeu/Fernando Borges)
06-Entrevista com Lia de Itamaracá e Oziris Diniz)



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Joel Nascimento – O Pássaro (21/10/2011)

Joel Nascimento nasceu no dia 13 de outubro de 1937, no subúrbio da Penha. Na adolescência, foi estudar piano, e, logo depois, acordeom. Aos 18, Joel ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, e lá permaneceu por alguns anos, até que foi acometido por uma osteoclerose, que lhe deixou surdo do ouvido esquerdo. Como ele já trabalhava, largou a música. Mais tarde, quando ele já passava dos trinta anos, voltou a tocar, agora cavaquinho, e a freqüentar rodas de choro. Um dia, ganhou um bandolim de presente. Joel foi tocando cada vez mais, conciliando a vida de músico amador com o emprego de técnico em radiologia. Somente em 1974, ele começou a atuar como bandolinista profissional, já demonstrando enorme talento. Ainda na década de 1970, Joel foi solista da Camerata Carioca, um dos grupos mais importantes da história recente do Choro. Além de Joel Nascimento, a Camerata Carioca tinha  Celsinho Silva no pandeiro, Luciana Rabello no cavaquinho, e Luiz Otávio Braga, Maurício Carrilho e Raphael Rabello nos violões. Joel Nascimento ainda vive na Penha, com a simplicidade e a grandiosidade de um homem sábio. O LP Pássaro, segundo da carreira de Joel Nascimento, postado hoje aqui no Programa Acervo Origens, já mostrava a qualidade de Joel Nascimento como intérprete e compositor. Reparem, na contracapa, que o disco tem grandes instrumentistas, além de Joel, com destaque para Dino, no Violão de 7 Cordas, Jorginho, no pandeiro, Moacyr Silva, no sax, e Copinha e Jorginho nas flautas e flautins.


Lado A

                  01-Não sei porque (Joel Nascimento)
                  02-Topei com você (Cláudio Jorge)
                  03-Bares da Cidade (João Nogueira – Paulo César Pinheiro)
                  04-Doralice (Antonio Almeida – Dorival Caymmi)
                  05-Saveiros (Dori Caymmi – Nelson Motta)
                  06-O Pássaro (Joel Nascimento)

   Lado B

01-Sorriso de Cristina (Joel Nascimento)
02-A felicidade (Antonio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes)
03-Até pensei (Chico Buarque de Hollanda)
04-Xeque Mate (Gaya)
05-Canto triste (Edú Lobo – Vinicius de Moraes)
06-Somente saudade (Joel Nascimento)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Jacinto Silva – O Forrozeiro (20/10/2011)

Este é o terceiro LP de Jacinto Silva que vem compor nosso Acervo Origens. O primeiro, Tire que Tem Forró, está disponível aqui. Outro, de título Cantando, traz junto um pequeno texto sobre a vida, a obra e os talentos de Jacinto Silva.  Esse disco da postagem de hoje foi produzido por Zé da Flauta no início da década de 1990.  Destaco Buchada com Aruá, de autoria do próprio Jacinto Silva, que, como é característico dele, tem uma brincadeira genial com as palavras.


   Lado A

                   01-  Caruaru da gente (Jacinto Silva)
                   02- É um trem e um Tróia (Juarez Santiago – Jacinto Silva)
                   03- Imaginação (Idevaldo Marques – Jacinto Silva)
                   04-Buchada com Aruã (Jacinto Silva)
                   05- Baralho novo (Zé da Flauta – Rudy Barbosa)

    Lado B

01-  Recordando (Juarez Santiago – Jacinto Silva)
02- Costume de dizer (Jacinto Silva)
03- Eu e Ela (Jacinto Silva)
04-Minha Terra (Jacinto Silva)
05- Justiça Divina (Jacinto Almeida)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Orquestra Tabajara de Severino Araújo (19/10/2011)

A história da Orquestra Tabajara começou no ano de 1933, quando um músico holandês cheio da grana, que morava em João Pessoa, juntou alguns músicos, adquiriu partituras e instrumentos, e convocou o maestro Luna Freire para montar uma orquestra, que ainda não tinha nome. A orquestra animava bailes na Paraíba, e foi ganhando fama. Nos primeiros anos de sua existência ela ganhou o nome de Orquestra Tabajara. Em 1937, vários de seus músicos foram convocados para o exército, e o Maestro reformulou a orquestra. Isso incluiu trazer, de Recife, o novo primeiro saxofone da orquestra, um rapaz de nome Severino Araújo. Em 1938, com a morte repentina de Luna Freire, Severino Araújo assumiu a Orquestra. Ele inseriu novas modificações, aumentando o naipe de metais, para que sua sonoridade se aproximasse do das orquestras americanas. Em 1940, a Orquestra inteira mudou-se para o Rio de Janeiro, para atuar na Rádio Tupi. Severino Araújo passou do sax para a clarineta, e o primeiro saxofone foi transferido para K-Ximbinho. O primeiro disco foi gravado em 1945, quando a Orquestra já tinha alcançado grande sucesso, e Severino Araújo era uma grande celebridade da música. Desde então, a Orquestra não parou mais de tocar e gravar. Foram dezenas de discos em 78 rpm, LPs e CDs, e mais de treze mil apresentações. Severino Araújo, além de maestro e arranjador da Orquestra, é também um dos grandes nomes do choro, com composições lindas, de difícil execução e admiradas por instrumentistas em todo o Brasil e no mundo. Em 2009, Carlos Henrique Coraucci lançou um livro com a história incrível da mais brasileira das Orquestras. Esse disco da postagem de hoje, gravado em 1985, traz os arranjos do grande Mestre Severino Araújo para alguns hits da época, como Mania de Você, de Rita Lee e Roberto de Carvalho e Travessia, de Milton Nascimento e Fernando Brant. Tem também algumas coisas do repertório erudito. Mas o bom mesmo são os dois choros de autoria do Severino Araújo (Nivaldo no Choro e Um Chorinho Modulante), em que ele mesmo mostra o que é tocar clarineta.


Lado A

01-Nivaldo no Chôro (Severino Araujo)
02-Coração de Estudante (Wagner Tiso – Milton Nascimento)
03-Aquarela do Brasil (Ary Barroso)
04- Travessia (Milton Nascimento – Fernando Brandt)
05-Bachianas Brasileiras N°5 (Heitor Villa Lobos)
06-Gostoso veneno (Nei Lopes – Wilson Moreira)

Lado B

01-Tristeza (Haroldo Lobo – Niltinho)
02-Mania de você (Rita Lee – Roberto de Carvalho)
03-Clair de Lune (C. Debussy)
04-Um Chorinho modulante (Severino de Araujo)
05-O Guarany (Carlos Gomes)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio - Violas de Ouro (18/10/2011)

O grande nome do repente nordestino, Ivanildo Vila Nova, nasceu em Caruaru, Pernambuco, no ano de 1945. Ele cresceu acompanhando o pai, Faustino Vila Nova, um cantador famoso na região. Ele começou a atuar profissionalmente em 1963, e, de lá até aqui, acabou se tornando o mais renomado repentista brasileiro. No ano de 1974, juntamente com artistas e estudantes, promoveu um congresso de violeiros, em que reuniu os melhores repentistas do nordeste, e revelou cantadores de enorme talento que, até então, eram absolutamente desconhecidos. Ivanildo participou de mais de 500 congressos, torneios e noitadas de cantadores. Além dos vários LPs e CDs próprios, ele tem participação em mais de 30 discos. Entre os especialistas em repente, Ivanildo é unanimidade, considerado o melhor de todos, pelos seus versos bem acabados, imprevisíveis, criativos e capazes de tratar dos assuntos mais diversos. Com mais de 60 anos de vida e mais de 40 de carreira, Ivanildo segue na ativa, oferecendo alegria e sabedoria a quem estiver perto. O disco da postagem de hoje, gravado no ano de 1976, o foi antes que Ivanildo alcançasse grande sucesso, o que se deu, de fato, no ano de 1990, quando Elba Ramalho gravou Nordeste Independente, composição de sua autoria. Assim como realizou com vários outros parceiros, Ivanildo foi ajuda fundamental na carreira de Geraldo Amâncio. Reparem que as oito músicas são tocadas em ritmos diferentes, sete deles bem conhecidos (sextilha, mote, beira-mar, quadrão, martelo, mourão e gabinete), e um deles foi uma invenção da dupla (Brasil de Pai Tomás). Simplesmente sensacional!


Lado A

01-Deus o Homem e a Natureza
02-O mensageiro da Fé
03-Turismo pelo Brasil
04-A vida de cada um

Lado B

01-O Sertão em carne e alma
02-Deu tudo ao ontrário
03-Revoltas brasileiras
04-Giro pelo Mundo


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Encontro com a Velha Guarda (14/10/2011)

Eis aqui um clássico do samba de raiz, cujas músicas ainda freqüentam as mais autênticas rodas de samba em todo o país. Gravado em 1976, e produzido por Mazolla, o disco tem aqueles que, na época, eram lendas vivas do samba, e hoje, por força do próprio tempo, são lendas eternizadas pelo enorme talento, legado e ensinamento. Então, temos aí os seguintes compositores, que, inclusive, são os intérpretes de suas músicas: Mano Décio da Viola (Décio Antônio Carlos); Alvarenga (Ernani Alvarenga);  Jota Palmeira; Noel Rosa de Oliveira; Ismael Silva (incrível!); Duduca do Salgueiro (Eduardo de Oliveira); Walter Rosa; Nelson Cavaquinho (Nelson Antônio da Silva); Alvaiade (Oswaldo dos Santos); Carivaldo da Motta; Iracy Serra e Pelado da Mangueira (Jorge Alves de Oliveira).  O regional que acompanha os compositores/intérpretes é também de primeiríssima qualidade, mas, como era muito comum antigamente, não aparecem os créditos na contracapa, de forma que simplesmente não sabemos quem eram. E, para terminar, a contracapa do disco tem pequenas biografias dessas figuras, escritas por ninguém menos do que Sérgio Cabral. Um deleite.


Lado A

01-Saudade do passado – Mano Decio da Viola
(Mano Decio da Viola – Rubens da Silva)
02-Salário mínimo – Hernani de Alvarenga
(Alvarenga O samba falado)
03-Feliz é quem sabe esperar – Noel Rosa de Oliveira
(Jota Palmeira – Noel Rosa de Oliveira)
04-Ingratidão – Ismael Silva
(Ismael Silva)
05-Clara de ovo – Duduca
(Duduca – Pompeu – Noel Rosa de Oliveira)

Lado B

01-É por aqui – Walter Rosa
(Walter Rosa)
02-Juizo Final – Nelson Cavaquinho
(Nelson Cavaquinho – Élcio Soares)
03-Concurso para enfarte – Oswaldo dos Santos
(Alvaiade)
04-Eu vou sorrir – Iracy Serra
(Carivaldo da Motta – Iracy Serra)
05- Relíquias da Bahia – Pelado da Mangueira
(Pelado da Mangueira)

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Folia de Reis no Rio de Janeiro - Penitentes de Santa Maria (13/10/2011)

A tradição da Folia de Reis, conforme indica a historiografia, chegou ao Brasil ainda no período da colonização, pela mão dos portugueses. Essa manifestação folclórica era realizada na Península Ibérica, sendo comum a doação e o recebimento de presentes e a entoação de cantos e danças nas ruas e casas das cidades e vilas. No Brasil, a Folia de Reis começou a ser realizada no século XVI, pelos Jesuítas, imbuídos da missão de catequizar os índios e, posteriormente, os negros escravos. No Brasil, a festa foi adquirindo características regionais, na música, na dança e na indumentária, mas sempre manteve a crença e devoção ao Menino Jesus, a São José, à Virgem Maria e aos Reis Magos.
Nas Folias de Reis, geralmente estão presentes as seguintes personagens: os três Reis Magos; palhaços, que carregam sacolas para coletar dinheiro e outras doações; cantores e instrumentistas; bandeireiro. Os palhaços são, em geral, dois ou três. Eles utilizam máscaras e costumam dançar e fazer acrobacias com bastões. Têm também obrigações e proibições específicas, como nunca dançar em frente à “bandeira”, e soprar um apito para identificar sua chegada e partida. O coro é composto, em geral, por seis pessoas, que cantam e tocam instrumentos também. Dentre eles, o mais importante é o mestre, também chamado de embaixador ou chefe da folia, responsável por organizar o trajeto e o horário do cortejo, bem como improvisar os versos cantados nas residências. O bandeireiro ou alferes da bandeira carrega a bandeira do grupo, e a apresenta ao chefe da residência quando a Folia chega. É ele também que recebe os donativos da família. A bandeira é feita de tecidos brilhantes, e nela é colada uma estampa dos Reis Magos. Ela é tratada com reverência, como objeto sagrado. Os moradores que a recebem beijam-na respeitosamente, e ela é passada com muita fé sobre as camas da casa. Ela vai sempre à frente da Folia.
No Rio de Janeiro, é muito rica a tradição da Folia de Reis. Ela é presente no litoral, nas baixadas e nas serras, em fazendas, sítios e roças, e em vários municípios, inclusive a cidade do Rio de Janeiro. Eles fazem sua jornada, ou giro, entre a noite do dia 24 de dezembro até o dia 20 de janeiro.  Esse disco, gravado em 1981, registra os cânticos de dois grupos de Folia de Reis fluminenses: Penitentes de Santa Marta (Lado A) e Estrela de Jacó Anunciada por Balaão (Lado B). As gravações foram feitas em um parque, e o encontro dos foliões foi regado à comida e bebida, para que fosse mantido o espírito de comunhão e fé que caracteriza esses grupos.  Trata-se, portanto, de um registro da mais alta relevância.


  
Lado A

01-Marcha
02-Chegada/Profecia: Anunciação
03-Brincadeira dos palhaços
04-Despedida

Lado B

01-Chegada
02-Profecia: Anunciação
03- Brincadeira dos Palahços
04-Despedida

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Os 3 do nordeste - é bom pra valer (12/10/2011)

Esse é o terceiro LP desse espetacular trio que o Acervo Origens posta. Os outros são O Forró do Poeirão e É Proibido Cochilar. Nessas postagens, tem um pouco da história do Trio. 
Já o disco de hoje é especial, porque além de ser uma raridade, tem o trio com um repertório dos melhores e com arranjos diferenciados, incluindo a bateria e o baixo na banda. O resultado é incrível e o balanço é fascinante. Esse disco Os Três do Nordeste é tal e qual a maioria deles: não tem altos e baixos, porque é tudo em cima, tudo bom. Aproveitem!


Lado A

01-A menina da blusa (Zé Pacheco – Elias Soares)
02-É bom pra valer (Messias Holanda – Zé cacau)
03-Baianinha (Florival Ferreira dos Santos – Parasufo)
04-Até o dia clarear (Zé Cacau)
05-Homem com homem não dá (Genário – Edson Duarte)
06-Quero ver você sorrindo (João da Gondin – Ivan da Maza)

Lado B

01-Sentado na pedra (Zé Pacheco – Parafuso)
02-Quem está ai (Parafuso – Zé Cacau)
03-Maceió (G. Magela – Zé Cacau)
04-Bacalhau Brasileiro (Alventino Cavalcante – Severino Ramos)
05- Lá vai ela (Auricelio Guedes – Zé Pacheco)
06-São João em Itaperoá (Elias Soares – Abdias)



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Canhoto da Paraíba – Único Amor (11/10/2011)

Francisco Soares de Araújo nasceu no município de Princesa Isabel, no interior da Paraíba, em 1929. Seu avô tocava clarineta, o pai violão, e os nove irmãos tocavam instrumentos diversos. Seu pai queria que ele tocasse a clarineta, igual ao avô, mas como não tinha clarineta em casa, ele acabava se distraindo com o violão do pai. Segundo o próprio Canhoto disse (em entrevista concedida a Miriam Taubkin), ele tocava o violão invertido, sem, contudo, trocar as cordas de posição, e ainda com o violão deitado sobre as pernas. Estranho é que Canhoto escrevia com a mão direita, chutava com o pé direito, mas penteava o cabelo, batia pregos e realizava outras atividades com a mão esquerda. Ou seja, o cérebro do sujeito era realmente singular. O pai dele acabou desistindo de ensinar o garoto a tocar, porque ele insistia em inverter o violão, contrariando as ordens do velho. Mas Canhoto não desistiu de aprender. Ele começou a chamar atenção não porque tocava invertido, mas porque tocava muito mesmo. Foi aí então que ganhou o apelido de Canhoto. O sobreapelido, da Paraíba, foi dado mais tarde, por Paulinho da Viola, para diferenciá-lo do Américo Jacomino, outro Canhoto que tocava com violão invertido e sem inverter as cordas. O nosso Canhoto, desde garoto, ouvia choro, e suas influências eram Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Luiz Americano e Luperce Miranda. Com vinte e poucos anos, Canhoto mudou-se para João Pessoa, para trabalhar na Rádio Tabajara. Ficou lá por cinco anos. Foi para Recife, conseguiu um emprego no SESI, onde permaneceu por 23 anos. Em Recife, além do trabalho, ele participava de programas locais de rádio e televisão. Foi assim que sua fama chegou ao Rio de Janeiro, e instigava músicos como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Dilermando Reis, que queriam conhecer um tal Canhoto que tocava violão incrivelmente bem. Em 1959, quatro intrépidos chorões paraibanos, inclusive o Canhoto, resolvem subir em um jipe, enfrentar a estrada e parar somente em Jacarepaguá, em um dos famosos saraus da casa de Jacob do Bandolim. Contam que, quando Canhoto começou a tocar, o maestro Radamés Gnattali ficou tão entusiasmado que jogou o copo de cerveja para o alto, deixando uma marca no teto da casa de Jacob do Bandolim, que nunca foi removida, para que nunca aquela noite, em que Canhoto esteve ali, fosse esquecida. Canhoto ficou quinze dias hospedado na casa de Jacob, que virou seu grande admirador. Poderia ter ficado no Rio de Janeiro, destino certo de tantos músicos nordestinos, mas preferiu voltar para Recife, para seu emprego no SESI. Canhoto gravou poucos LPs (de acordo com o Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira, foram apenas quatro), mas tão absolutamente incríveis que ele é uma das grandes referências do violão brasileiro. O mais conhecido, lançado em 1977 pela gravadora Marcus Pereira (para variar) foi O Violão Brasileiro Tocado Pelo Avesso, em que interpreta suas geniais composições. Em 1998, Canhoto sofreu um derrame, e ficou com o lado esquerdo paralisado, e daí em diante não tocou mais. Dez anos depois, em 2008, faleceu em sua casa, no Recife, vítima de um enfarto.
O disco que o Acervo Origens posta hoje é o primeiro gravado por Canhoto, no ano de 1968, pela gravadora Rozenblit. Tem várias músicas de autoria do próprio Canhoto, com arranjos incríveis e execução impecável. Suas composições são todas obras-primas, choros e valsas da mais alta qualidade, que emocionam qualquer um. Mas destacamos Pisando em Brasa e Tua Imagem, um choro capaz de arrancar lágrimas, tamanha é sua beleza.


Lado A

          01- Único amor (Alfredo Medeiros)
          02- Escadaria (Pedro Raymundo)
          03- Memória de Sebastião Malta (Canhoto)
          04- O sorriso de Fátima (Canhoto)
          05- Zíngara (Joubert de Carvalho)
          06-  Banhado em lágrimas (Canhoto)

 Lado B

     01- Pisando em brasa (Canhoto)
     02- O grito de Mestre Sérgio (Canhoto)
     03- Nicélia (Canhoto)
     04- Visitando o Recife (Canhoto)
     05- Lurdinha (Canhoto)
     06- Tua imagem (Canhoto)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Filhos de Gandhy (07/10/2011)

Na década de 1940, na cidade de Salvador, os estivadores desfrutavam de boas condições de trabalho e de renda. O próprio sindicato dos estivadores controlava e fiscalizava o trabalho, e isso dava a eles grande conforto. Em Salvador, a tradição festeira, principalmente carnavalesca, é ancestral e unânime, de forma que os estivadores não ficavam de fora. Tinham eles um bloco, de nome Comendo Coentro, que tinha um caminhão cheio de instrumentos musicais, que desfilava seguido por estivadores trajados com roupas de linho importadas e chapéus panamá. Em 1949, uma política de arrocho salarial, juntamente com a intervenção do governo nos sindicatos, mudou brusca e drasticamente a condição desses trabalhadores, a ponto de impossibilitar os festejos carnavalescos do Comendo Coentro. Então, para não parar a festa, tiveram a grande idéia de criar um cordão ou bloco, idealizado por Vavá Madeira, com apoio de dezenas de estivadores. Eles arrecadaram dinheiro, fizeram roupas com lençóis brancos e  tambores com barris de mate e couro. Imbuídos do espírito de resistência, oriundos de uma categoria politizada e antenados com a conjuntura política internacional, mostraram-se sensíveis à luta por liberdade empreendida por Mohandas Karamchand Gandhi, na Índia, e deram ao bloco o nome de Filhos de Gandhi. Elegeram o discurso da paz, que, inclusive, servia de contraponto à imagem que se divulgava sobre os trabalhadores da estiva, que seriam baderneiros, candomblezeiros, violentos militantes. Criado como cordão, o Filhos de Gandhi rapidamente expressou suas afinidades religiosas, porque era formado, de fato, por vários homens ligados ao candomblé. O Filhos de Gandhi assumiu, por identificação religiosa, o afoxé como ritmo. Trocaram o i, do nome Gandhi, por y, para evitar problemas com o uso do mesmo nome do grande líder pacifista indiano, e, assim, foi formado o Afoxé Filhos de Gandhy, que até hoje representa a resistência da cultura e do povo afrodescendente de Salvador. Como, na origem do bloco, ele foi formado por estivadores, que eram somente homens, até hoje somente eles desfilam, e cabe às mulheres a confecção das roupas. Atualmente, o Filhos de Gandhy resiste, ainda com tambores e pés no chão, à mercantilização do carnaval soteropolitano, representado pelo massacre dos megawatts dos odiosos blocos de axé music. Nesse disco, da postagem de hoje, estão músicas tradicionais do bloco. O destaque fica para a mais famosa delas, Ijexá - Filhos de Gandhi.


Lado A

01- Onisaurê – Saudação
02- Gigante de Guiné
03- Água de Cheiro
04- Facho de Luz
05-  Espelho da alma
06- Ijexá (Filhos de Gandhy)
07- Siré de Exú

Lado B

01- Coração de Oxalá
02- Tribos
03- Negros e brancos
04- Chama da paz
05- Fala Bah!
06-  Siré de Oxalá